sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Agosto no Centro Cultural de Belém

JAZZ ÀS 5as:

Ben Stapp´s Trio

23 de Agosto | Cafetaria Quadrante

Horas: 22h45

ENTRADA LIVRE

MAZALDA

Música | Mazalda | França

24, 25 e 26 de Agosto

Vários locais ao ar livre

Horas: 14h00 | 18h30 | 21h30

ENTRADA LIVRE

NA RUA

Teatro | Miguel Moreira | Portugal

24, 25 e 26 de Agosto

Vários locais ao ar livre

Horas: 14h00 | 18h30 | 21h30

ENTRADA LIVRE

AS PEQUENAS CERIMÓNIAS

Marionetas | João Calixto e Tiago Viegas | Portugal

24, 25 e 26 de Agosto

Vários locais ao ar livre

Horas: 14h00 | 18h30 | 21h30

ENTRADA LIVRE

DOUTOR FAUSTO

Teatro | Teatro ao Largo | Portugal

24, 25 e 26 de Agosto

Caminho Pedonal

Hora: 22h30

Público-alvo: a partir dos 12 anos

ENTRADA LIVRE

OLA KALA

Novo-circo | Les Arts Saut | França

22 a 26 de Agosto

Espaço Circo

Hora: 21h00

Bilhetes entre 10€ e 17€

ORCHESTRA DI PIAZZA VITTORIO

Um grande concerto ao ar livre

31 Agosto e 1 de Setembro

Caminho Pedonal e Praça do Museu

Hora: 21h30

ENTRADA LIVRE


Fim de semana com Wagner na RTP


AS VALQUÍRIAS – I e II acto no sábado, dia 25 de Agosto, às 17:15h; III e último acto, domingo, dia 26 de Agosto, às 18:15h

A sala do Teatro S. Carlos voltou a ser transformada pelo encenador Graham Vick para a ópera AS VALQUÍRIAS, a segunda do ciclo da tetralogia "O Anel do Nibelungo" de Richard Wagner. A RTP2, que já ofereceu aos seus telespectadores a visão de “O Ouro do Reno”, filmou a espantosa apresentação que decorreu em de Março no Teatro Nacional de São Carlos.

A versão televisiva de “As Valquírias” é uma produção RTP2, realizada por Fernando Ávila, tendo Rui Esteves como consultor musical, a partir dos espectáculos gravados em Fevereiro e Março deste ano. A ópera foi encenada por Graham Vick, com cenografia e figurinos de Timothy O’Brien, direcção musical de Marko Letonja e a participação da Orquestra Sinfónica Portuguesa.

A Valquíria é uma figura da mitologia escandinava encarregue de levar os guerreiros mortos em combate para o paraíso onde lhes é restituída a vida.

A Valquíria Brunhilde é a figura central desta ópera, sendo interpretada pela soprano austríaca Anna-Katharine Behnke.

O tenor Ronald Samm faz de Siegmund, um mortal, e Mikhail Kit interpreta Wotan, o deus dos deuses.

No elenco destacam-se ainda a meio-soprano húngara Judit Németh (faz de Fricka, a deusa do casamento) e o cantor russo Maxim Mikhailov (canta Hunding, um mortal).

Nos papéis de duas das oito valquírias irmãs de Brunhilde estão as cantoras portuguesas Ana Paulo Russo e Dora Rodrigues (sopranos).

Produção: RTP2

Realização: Fernando Ávila

Festival Musicas do Mar na Póvoa do Varzim


De 30 de Agosto a 2 de Setembro, a Póvoa recebe o primeiro Festival Músicas do Mar.

Durante três dias, em três palcos diferentes, a cidade vai acolher os sons de músicos portugueses, da Nigéria, Grécia, Argentina, Itália, Brasil e Espanha. No Diana Bar actuam Joel Xavier, O´questrada e Escalandrum; pelo palco do Largo do Passeio Alegre passam Tony Allen, o grupo brasileiro Eddie e La Troba Kung-Fu. A música percorre também as ruas pedonais do centro da cidade, com os grupos Anónima Nuvolari e Kumpania Algazarraa a

Porque a Póvoa é uma cidade de Mar, porta para o mundo e, neste caso, para as músicas do Mundo, aqui se vão juntar, durante este primeiro festival, nove grupos bem conhecidos do género “World Music”. Para além das bandas e dos artistas que vão actuar, do programa fazem também parte “dj sets”, que terão lugar no palco do Auditório da Lota, no interior do Porto de Pesca.

Apostando em bandas de qualidade, o Festival Músicas do Mar afirma-se pela diferença dos sons que vai trazer à Póvoa. Uma organização da Câmara Municipal, inserido no programa AnimaPóvoa, com o apoio do Turismo de Portugal.

Cinemateca Portuguesa - Programação

CINEMA NA ESPLANADA: FILMES DA PRAIA, FILMES SOBRE FILMES E ELVIS PRESLEY

em colaboração com o Blog Noite Americana nas sessões “Filmes sobre Filmes”e com o Clube Elvis 100% - Still Rockin’! nas sessões “Elvis Presley”

Em Setembro, espraia-se a ideia que presidiu à programação da Esplanada em Julho com mais filmes ao ar livre e mais “Filmes da Praia” (às Quintas--feiras). A ela se reúnem dois outros “capítulos”, acolhidos de propostas que nos chegaram respectivamente do Blog Noite Americana e do Clube Elvis 100%, no ano que marca o 30º Aniversário da morte de Elvis Presley: “Filmes sobre Filmes” (todas as Sextas-feiras) e “Elvis Presley” (todos os Sábados).

Sob o mote da praia e do Verão apresentamos BONJOUR TRISTESSE, À FLOR DO MAR, A MIDSUMMER NIGHT’S SEX COMEDY e PAULINE À LA PLAGE. É com eles que fazemos rimar os “filmes sobre filmes” de Fellini em OTTO E MEZZO, de Lynch em MULHOLLAND DRIVE, de Woody Allen em THE PURPLE ROSE OF CAIRO e de Nick Ray em IN A LONELY PLACE. E com uns e com outros, Elvis, filmado por Richard Thorpe (JAILHOUSE ROCK, FUN IN ACAPULCO, este último também um filme de espírito veraneante), Donald Siegel (FLAMING STAR) e Gene Nelson (HARUM SCARUM).





Filmes da Praia

BONJOUR TRISTESSE

Bom Dia Tristeza de Otto Preminger

com Deborah Kerr, David Niven, Jean Seberg, Mylene Demongeot

Estados Unidos, 1958 - 94 min / sem legendas

Depois de ter contribuído para a desmontagem do modelo clássico de Hollywood, Preminger não deixou de procurar novos e alternativos caminhos. BONJOUR TRISTESSE, adaptação do livro homónimo de Françoise Sagan, é um bom exemplo disso, com uma estrutura e estilo que parecem resultar (ou resultam mesmo) de um encontro feliz entre uma sensibilidade americana e uma sensibilidade europeia. Um filme ímpar, centrado num complexo trio de personagens (Kerr, Niven, Seberg).

Esplanada

Qui. [06] 22:30

Filmes sobre filmes

OTTO E MEZZO

Fellini Oito e Meio de Federico Fellini

com Marcello Mastroianni, Claudia Cardinale, Anouk Aimée, Sandra Milo, Mark Herron

Itália, 1962 - 139 min / legendado em espanhol

O ponto de partida deste filme foi o cancelamento de um projecto de Fellini. Vendo a alegria dos técnicos perante a hipótese de fazer um novo filme (só ele sabia do cancelamento do projecto), Fellini decidiu fazer um filme sobre um filme que não se faz. O resultado foi OTTO E MEZZO, no qual Fellini abandona por completo o realismo, a causalidade e a narrativa linear, numa obra quase abstracta, marcada por uma poderosa imaginação visual.

Esplanada

Sex. [07] 22:30

Elvis Presley

JAILHOUSE ROCK

O Prisioneiro do Rock and Roll de Richard Thorpe

com Elvis Presley, Judy Tyler, Mickey Shaughnessy, Vaughn Taylor

Estados Unidos, 1957 - 96 min / sem legendas

“Elvis Presley at his greatest”, como diz a frase publicitária do cartaz de JAILHOUSE ROCK, terceiro filme de Elvis (LOVE ME TENDER e LOVING YOU datam de pouco antes). Elvis veste aqui a pele de Vince Everett, personagem que segue de perto a imagem pública de Presley, compondo, por outro lado, um ícone entre os dos jovens rebeldes dos anos 1950. Entre as canções de JAILHOUSE ROCK (o disco homónimo saiu também em 1957) e, para além do tema que dá o título ao filme, estão Young and Beautiful, I Want to Be Free, Don’t Leave Me Now e (You’re So Square) Baby I Don’t Care.

Esplanada

Sáb. [08] 22:30

Filmes da Praia

À FLOR DO MAR de João César Monteiro

com Laura Morante, Philip Spinelli, Manuela de Freitas, Teresa Villaverde

Portugal, 1986 - 143 min

À FLOR DO MAR, imediatamente anterior a RECORDAÇÕES DA CASA AMARELA, marca o fim da primeira fase da obra de João César Monteiro. Uma estranha intriga, que traz a uma praia algarvia um homem ferido chamado Robert Jordan (nome que é de imediato uma citação literária e cinéfila), a seguir a um atentado de que é alvo um dirigente palestiniano num hotel do Algarve, recolhido por uma viúva italiana chamada Laura Rossellini. Um filme de luz mediterrânica e música clássica. Belíssimo.

Esplanada

Qui. [13] 22:30

Filmes sobre Filmes

MULHOLLAND DRIVE

Mulholland Drive de David Lynch

com Naomi Watts, Laura Harring, Justin Theroux

Estados Unidos, 2001 - 145 min / legendado em português

“Uma história de amor na cidade dos sonhos”, dizia a publicidade do filme. Trata-se de um dos filmes mais hipnóticos e envolventes de Lynch, em que a trama narrativa (uma jovem actriz vai para Hollywood e acaba envolvida numa sombria conspiração, em que se misturam uma mulher com amnésia e um realizador de cinema) abole deliberadamente as fronteiras entre realidade e imaginação, deixando o espectador tão desorientado e fascinado como as personagens. Nada parece ser o que é, num filme cujo tema central talvez seja a ilusão cinematográfica.

Esplanada

Sex. [14] 22:30

Elvis Presley

FUN IN ACAPULCO

Amor em Acapulco de Richard Thorpe

com Elvis Presley, Ursula Andress, Elsa Cárdenas, Paul Lukas

Estados Unidos, 1963 - 97 min / sem legendas

Depois de um acidente ter deixado a personagem do trapezista de Elvis neste filme com medo das alturas, ei-lo a animar um resort em Acapulco, onde é simultaneamente segurança e cantor. A rivalidade com outro veraneante musculado pela atenção de Ursula Andress é outro dos ingredientes e, claro, as canções. Entre os hits, Viva el Amor, No Room to Rhumba in a Sports Car, You Can’t Say No in Acapulco e Bossanova Baby. Primeira exibição na Cinemateca

Esplanada

Sáb. [15] 22:30

Filmes da Praia

A MIDSUMMER NIGHT’S SEX COMEDY

Comédia Sexual de uma Noite de Verão de Woody Allen

com Woody Allen, Mia Farrow, Jose Ferrer, Julie Hagerty, Mary Steenburgen, Tony Roberts

Estados Unidos, 1982 - 88 min / sem legendas

Woody Allen chega a Shakespeare passando por Ingmar Bergman, cujo filme SORRISOS DE UMA NOITE DE VERÃO (1955) encontra ecos em COMÉDIA SEXUAL NUMA NOITE DE VERÃO. É a atmosfera das feéricas noites de Verão a trazê-lo à Esplanada. Para o realizador foi o filme o encontro com Mia Farrow, o primeiro que fizeram juntos.

Esplanada

Qui. [20] 22:30

Filmes sobre Filmes

THE PURPLE ROSE OF CAIRO

A Rosa Púrpura do Cairo de Woody Allen

com Mia Farrow, Jeff Daniels, Danny Aiello, Irving Metzman, Stephanie Farrow

Estados Unidos, 1985 - 81 min / legendado em português

Uma das mais bonitas incursões no cinema como “fábrica de sonhos”. Na década de 1930, no auge da crise económica, uma mulher evade-se de uma vida cansativa e rotineira, vendo um filme de aventuras vezes sem conta, até ao momento em que realidade e ficção se encontram na “porta mágica” do écran.

Esplanada

Sex. [21] 22:30


Elvis Presley

FLAMING STAR

A Lança em Chamas de Donald Siegel

com Elvis Presley, Steve Forrest, Barbara Eden, Dolores del Rio, John McIntire

Estados Unidos, 1960 - 92 min / sem legendas

Elvis encarna um papel originalmente pensado para Marlon Brando, o de Pacer Burton, filho de um rancheiro branco e de mãe índia Kiowa, num western baseado no livro Flaming Lance (1958) de Clair Huffaker. FLAMING STAR tem apenas duas canções (Flaming Star e Cane and a High Starched Collar), das quais apenas a canção títular do filme foi gravada em disco, coincidindo com a estreia do filme. Britches e Summer Kisses, Winter Tears foram originalmente pensadas para integrar a sua banda sonora, assim como Black Star – título de trabalho deste filme de Siegel. Primeira exibição na Cinemateca.

Esplanada

Sáb. [22] 22:30

Filmes da Praia

PAULINE À LA PLAGE

Pauline na Praia de Eric Rohmer

com Arielle Dombasle, Amanda Langlet, Féodor Atkine, Pascal Grégory

França, 1982 - 92 min / legendado em português

A série de COMÉDIAS E PROVÉRBIOS consta de seis filmes, como os CONTOS MORAIS. O título genérico da série é tirado de um grupo de peças de Musset, destinadas a ser lidas e não encenadas. A acção é levada pelo verbo, pois muitas personagens de Rohmer agem como se fossem personagens da literatura. Talvez, por isso, o “provérbio” que serve de epígrafe a este filme seja uma citação do autor medieval Chrétien de Troyes, “Qui trop parole, il se mesfait”. Em linguagem mais simples: “Quem fala demais, acaba por se perder”, ou na versão portuguesa semelhante: “Quem diz o que quer ouve o que não quer”. PAULINE À LA PLAGE, terceiro filme da série, confronta os jogos de sedução e desejo de adolescentes e de adultos, no período estival, em Deauville.

Esplanada

Qui. [27] 22:30

Filmes sobre Filmes

IN A LONELY PLACE

Matar Ou Não Matar de Nicholas Ray

com Humphrey Bogart, Gloria Grahame, Frank Lovejoy, Martha Stewart

Estados Unidos, 1950 - 90 min / legendado em português

IN A LONELY PLACE foi produzido pela sua estrela, Humphrey Bogart, e tem Hollywood dos anos 50 por pano de fundo. Bogart interpreta o papel de um argumentista suspeito de ter assassinado brutalmente uma jovem empregada... Tal é a linha inicial da acção que decorre numa atmosfera e com cambiantes ímpares e infinitamente mais secretos do que as descrições que deles se possam fazer. É neste filme que Bogart diz “I was born when she kissed me, I died when she left me. I lived for a few weeks while she loved me”. Ela é aqui Gloria Grahame.

Esplanada

Sex. [28] 22:30

Elvis Presley

HARUM SCARUM

Férias No Harém de Gene Nelson

com Elvis Presley, Mary Ann Mobley, Fran Jeffries, Michael Ansara, Jay Novello

Estados Unidos, 1965 - 95 min / sem legendas

Comédia musical das arábias, assim se pode resumir a ideia de HARUM SCARUM, um filme construído em torno da figura musical de ELVIS, a quem oferece as areias do deserto como improvável cenário e a figura de Valentino de turbante como referência. O repertório musical conta, entre outras, com as canções Kismet, Golden Coins, Harem Holiday My Desert Serenade, Go East Young Man, Mirage, Shake That Tambourine.

Esplanada

Sáb. [29] 22:30







UM PAÍS, UM GÉNERO: O JAPÃO E O CINEMA HISTÓRICO

A nossa “viagem” por vários países e géneros cinematográficos que melhor os caracterizam, leva-nos, este mês, ao Japão, cuja cinematografia está muito marcada por um olhar sobre a (sua) história. Aliás, a imagem que se destaca do cinema japonês clássico aos olhos do cinéfilo, é a do guerreiro do passado, com a sua figura exótica, os gestos estilizados e ritualizados, que só tem paralelo, no cinema ocidental, na figura do “cowboy” dos westerns americanos. É a personagem central de um género bem definido que se chama de “chambara”, filme de samurais, “ramificação” do “jidai geki” (todos os filmes que se referem ao período histórico que vai até 1868, que representa o fim do Japão tradicional), género que quase todos os grandes cineastas japoneses abordaram, e de que o presente Ciclo dá alguns exemplos. Akira Kurosawa (de RASHOMON a KAGEMUSHA, passando por OS SETE SAMURAIS) Mizoguchi (de A VIDA DE O’HARU a INTENDENTE SANSHO, entre outros), e inclusive através do olhar mais realista e moderno de Yôji Yamada em A SOMBRA DO SAMURAI, e a brutal reflexão histórica que é JOI UCHI/REBELIÃO (uma estreia nesta sala), de Masaki Kobayashi.

Mas a história não é apenas um olhar sobre o passado. Outro género que reflecte a história do Japão é o “gendai jeki”, que aborda a fase contemporânea, a que deu forma ao Japão moderno e teve início em 1912. Três filmes de Shohei Imamura dão-nos um olhar sem contemplações sobre os dramas e acontecimentos que formaram o Japão moderno: EIJANAKA, DR. FÍGADO e NIPPONSENGOSHI. Destaquemos ainda algumas curiosidades onde lenda e os heróis populares se confundem com a história. Desde o insólito e “explosivo” SHURAYUKHIME/LADY SNOWBLOOD, de Toshiya Fujita (o filme que inspirou o KILL BILL de Quentin Tarantino) à obra-prima do cinema de animação que é MONOKE-HIME, de Hayao Miyazaki.

TASOGARE SEIBEI

A Sombra do Samurai de Yôji Yamada

com Hiroyuki Sanada, Rie Miyazawa, Nenji Kobayashi, Ren Osugi

Japão, 2002 - 129 min/ legendado em português

A história de Seibei Iguchi, um pobre samurai do Japão de meados do século XIX, que leva uma apagada vida de burocrata, e é forçado a aceitar qualquer trabalho para sustentar a família. Um dia aparece na vida dele uma mulher, sua antiga apaixonada, que o vai forçar a tomar decisões que levarão a um fim dramático.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Seg. [03] 15:30

SAIKAKU ICHIDAI ONNA

“A Vida de O’Haru” de Kenji Mizoguchi

com Kinuyo Tanaka, Toshiro Mifune, Manao Shimizu

Japão, 1952 - 140 min/ legendado em português

Este é um dos grandes filmes de Mizoguchi, história sobre uma mulher em rota de colisão com os valores morais e sociais do seu tempo. O famoso realismo histórico de Mizoguchi raramente foi levado tão longe, como raras vezes foi levado tão longe o seu lirismo intimista. Uma das mais belas meditações sobre a mulher na história de qualquer arte.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Ter. [04] 15:30

UGETSU MONOGATARI

Contos da Lua Vaga de Kenji Mizoguchi

com Kinuyo Tanaka, Masayuki Mori, Machiko Kyo

Japão, 1953 - 96 min / legendado em português

Este é não só o mais célebre título da obra de Mizoguchi, mas provavelmente também o mais complexo, e o preferido de inúmeros cinéfilos. Uma extraordinária experiência narrativa, que mistura um clássico da literatura japonesa, lendas chinesas e ainda umas pitadas de Maupassant (sem falar no teatro tradicional japonês) para criar um universo fantástico (inclusivé em termos visuais) onde tempo e espaço se dissolvem e se transformam numa “coisa mental”.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Qua. [05] 15:30

SHICHININ NO SAMURAI

Os Sete Samurais de Akira Kurosawa

com Takashi Shimura, Toshiro Mifune, Yioshio Inaba

Japão, 1957 - 194 min / legendado em português

O filme mais famoso de Kurosawa e um dos seus trabalhos mais influentes no cinema ocidental, que se serviu do seu argumento como modelo para outros filmes de aventuras, nomeadamente o western THE MAGNIFICENT SEVEN. Toshiro Mifune tem uma composição de antologia no samurai de origem camponesa, que, com outros seis, procura ajudar uma aldeia a defender-se de um bando de salteadores durante o período das guerras no século XVI no Japão. Apresentado muitas vezes em versões reduzidas, o filme será apresentado na Cinemateca em versão integral.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Qui. [06] 15:30

CHIKAMATSU MONOGATARI

“Os Amantes Crucificados”de Kenji Mizoguchi

com Kazuo Hasegawa, Kyoko Kagawa, Eitaro Shindo

Japão, 1954 - 102 min / legendado em português

Uma incursão de Mizoguchi pelo Japão ancestral, com uma história de amor adúltero que termina com os amantes crucificados. Como habitualmente em Mizoguchi, a temática social (a repressão imposta pela tradição e pelos costumes) volve-se em metafísica (a morte como derradeira comunhão entre os amantes), noutra das obras-primas absolutas do cineasta japonês. Um dos vértices supremos da grande herança trágica de que este filme se postula como um dos mais universais e mais absolutos herdeiros.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Sex. [07] 15:30

WAGA KOI WA MOENU

“O Meu Amor Queima” de Kenji Mizoguchi

com Kinuyo Tanaka, Miysuki Mito, Eitaro Ozawa

Japão, 1949 - 84 min / legendado em francês

É um filme explicitamente político, inspirado na vida de Hideko Kageyama, um dos primeiros japoneses a bater-se abertamente pela melhoria da condição das mulheres, por volta dos anos 80 do século XIX. É um filme em que o distanciamento se cumpre pela teatralização e pela composição visual, mas que não hesita em recorrer a uma representação crua da brutalidade e do desejo sexual.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Seg. [10] 15:30

YOKIHI

“A Imperatriz Yang Kwei Fei” de Kenji Mizoguchi

com Machiko Kyo, Masayuki Mori, So Yamamura

Japão, 1955 - 98 min / legendado em português

YOKIHI, adaptação de uma história chinesa, situada no século IX, é um dos mais célebres títulos de Mizoguchi e o seu primeiro filme a cores. E essas cores são fabulosas, num filme em que Machiko Kyo dá corpo a um fabuloso retrato feminino, sobre um shakespeariano fundo de lutas de poder e intrigas políticas. Um assombro.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Ter. [11] 15:30

SANSHO DAYU

“O Intendente Sansho” de Kenji Mizoguchi

com Kinuyo Tanaka, Yoshiaki Hanayagi, Kyoko Kagawa

Japão, 1954 - 88 min / legendado em espanhol

A história de SANSHO DAYU é uma velha lenda japonesa, contada de diversas maneiras (da literatura às canções populares) a partir do século XVI. O filme de Mizoguchi baseia--se na versão dessa lenda, escrita pelo romancista Ogai Mori em 1915. Zushio e a irmã Anju, filhos de um governador exilado pelas suas ideias humanitárias, crescem separados da mãe, suportando e vivendo condições duríssimas, por causa da escravatura imposta pelo Intendente Sansho. Enérgico e cruel, mas também infinitamente poético, SANSHO DAYU é um hino à bondade humana e à compaixão contra a escravidão e a exploração. “Um homem sem misericórdia não é um ser humano” ensina o pai a Zushio.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Qua. [12] 15:30

AKAHIGE

O Barba Ruiva de Akira Kurosawa

com Toshiro Mifune, Yazo Kayama, Kyoko Kagawa

Japão, 1965 - 185 min / legendado em francês

Um dos filmes que melhor revelam o humanista Kurosawa. AKAHIGE é a história de um jovem médico no começo do século XIX, arrivista e ambicioso, que, ao contrário do que esperava quando terminou o curso, é colocado junto de um estranho e pitoresco médico de pobres, conhecido como o “Barba Ruiva”. Esse contacto vai humanizá-lo e transformá-lo de tal forma que se tornará discípulo do “Barba Ruiva”.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Qui. [13] 15:30

YABU NO NAKA NO KURONEKO

“O Gato Preto do Túmulo” de Kaneto Shindo

com Kichiemon Nakamura, Nobuko Otowa, Kiwako Taichi, Kei Sato

Japão, 1968 - 99 min / legendado em espanhol

O autor de HADAKA NO SHIMA / A ILHA NUA, aborda temas totalmente opostos: o fantástico e o terror. Uma mulher e a filha são brutalmente violadas e assassinadas por soldados durante os tempos das guerras civis. Mais tarde, uma série de samurais, que regressa da guerra naquela região, é encontrada misteriosamente assassinada com as gargantas dilaceradas. Um dos mais impressionantes filmes de terror jamais feitos.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Sex. [14] 15:30

JOI UCHI: HAIRÔ TSUMA SHIMATSU

“Rebelião” de Masaki Kobayashi

com Toshiro Mifune, Takeshi Kato, Yoko Tsukasa, Tatsuya Nakadai

Japão, 1967 - 128 min / legendado electronicamente em português

No Japão do século XVIII, um velho samurai vive tranquilamente com o filho, que é forçado pelo “xogun” a casar com uma das suas concubinas. Quando o filho que esta lhe deu se torna o herdeiro, por morte do anterior, o “xogun” exige o seu regresso. O samurai e o filho vão questionar a decisão e enfrentar o poder. Para muitos, a obra-prima de Kobayashi.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Seg. [17] 15:30

NIPPONSENGOSHI – MADAMU ONIBORO NO SEIKATSU

“A História do Japão do Post-Guerra Contada pela Patroa de um Bar” de Shohei Imamura

com Tami Akaza, Etsuko Akasa, Akemi Akasa

Japão, 1970 - 100 min / legendado em francês

Em NIPPONSENGOSHI, Imamura conta a história do Japão do post-guerra, através do olhar e das experiências de uma mulher, proprietária de um bar-prostíbulo em Tóquio, em paralelo com documentos do tempo.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Ter. [18] 15:30

SHURAYUKHIME

“Lady Snowblood” de Toshiya Fujita

com Meiko Kaji, Toshio Kurosawa, Masaaki Daimon, Miyoko Akaza

Japão, 1973 - 97 min / legendado electronicamente em português

No fim do século XIX, um bando de criminosos assassina uma família, só deixando viva a mulher que violam. Esta, morre pouco depois, ao dar à luz uma filha, que será educada como uma assassina e irá vingar o massacre da família. O filme que inspirou Quentin Tarantino para KILL BILL.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Qua. [19] 15:30

KAGEMUSHA

A Sombra do Guerreiro de Akira Kurosawa

com Tatsuya Nakadai, Tsutomo Yamazaki, Kenichi Hagiwara

Japão, 1980 - 169 min/ legendado em português

Kurosawa volta aos temas guerreiros do género “gidai jeki” que tinham feito a sua glória nos anos 50. Um grande espectáculo cinematográfico sobre um “duplo” (Kagemusha) de um senhor feudal, que o substitui quando este é morto em combate, e acaba por perder a própria personalidade.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Qui. [20] 15:30

EIJANAKA

“Porque Não?” de Shohei Imamura

com Kaori Momoi, Shigeru Izumiya, Ken Ogata, Shingeru Tsuyuguchi

Japão, 1981 - 151 min / legendado em francês

EIJANAKA representa a primeira incursão de Imamura no passado histórico do Japão. Mas se o pano de fundo é outro, o período da restauração Meiji, os temas são os mesmos que Imamura desenvolve nos filmes “actuais”: o sexo como mercadoria, o submundo do banditismo e dos tráficos de influência e a subversão dos costumes por acção de agentes do exterior, neste caso os americanos.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Sex. [21] 15:30

MONONOKE-HIME

A Princesa Mononoke de Hayao Miyazaki

Animação; vozes: Yoji Matsuda, Yuriko Ishida, Yuko Tanaka

Japão, 1997- 134 min / legendado em português

O mais famoso filme de um dos mestres da moderna animação japonesa, e uma das suas obras-primas. Conta a lenda de um príncipe infectado por uma misteriosa e mortal doença transmitida por um deus javali. Em busca de cura, errará pela floresta, acabando por ser envolvido numa batalha entre os exploradores de uma mina que está a destruir o ambiente, e os animais da floresta conduzidos pela princesa Mononoke. Violento e brutal, mas com uma carga poética incomparável.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Seg. [24] 15:30

KANZO SENSEI

Dr. Fígado de Shohei Imamura

com Akira Emoto, Kumiko Aso, Jyuro Kara, Masanori Será, Jacques Gamblin

Japão, 1998 - 128 min / legendado em português

Nova incursão de Imamura pelo passado recente do Japão, levando-nos, como em KUROI AME / “CHUVA NEGRA”, ao ano de 1945, para contar a história do doutor Akagi, médico numa pequena ilha do arquipélago, totalmente dedicado ao seu trabalho, mas obcecado pela doença do fígado, o que lhe valeu a alcunha que dá o título ao filme em português.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Ter. [25] 15:30

GOHATTO

Tabu de Nagisa Oshima

com Takeshi Kitano, Ryuhei Matsuda, Shinji Takeda, Tadanobu Asano

Japão/França/Grã-Bretanha, 1999 - 100 min / legendado em português

O mais recente filme de Nagisa Oshima, que tem por pano de fundo a era Meiji no Japão e por tema a história de um jovem samurai, figura andrógina que vai despertar o desejo de outros guerreiros o que provoca uma série de conflitos.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Qua. [26] 15:30

ZATOICHI

Zatoichi de Takeshi Kitano

com Takeshi Kitano, Tadanobu Asamo, Michiyo Ookuzu, Gadarukanaru Taka

Japão, 2003 - 116 min / legendado em português

Takeshi Kitano é hoje já um “clássico”, amplamente conhecido e estudado, com grande parte da obra estreada entre nós. ZATOICHI é uma experiência singular de Kitano, uma incursão nos “chambara” (filmes de samurais) indo buscar um herói popular do género de há várias décadas: o guerreiro cego Zatoichi.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Qui. [27] 15:30

RASHOMON

Às Portas do Inferno de Akira Kurosawa

com Toshiro Mifune, Machiko Kyo, Masayuki Mori

Japão, 1950 - 88 min / legendado em francês

Foi com este filme, premiado com o Leão de Ouro no Festival de Veneza e com o oscar para o melhor filme estrangeiro em Hollywood, 1951, que o Ocidente “descobriu” o cinema japonês, que, durante muito tempo, associou sobretudo ao nome de Kurosawa e aos filmes de samurais. Baseado no conto O Bosque, de Akutagawa e magistralmente realizado, RASHOMON é uma variação oriental sobre o tema pirandelliano “a cada um a sua verdade”, contando a história de um crime violento numa floresta, narrada por cada um dos intervenientes.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Sex. [28] 15:30

ROGER CORMAN: O “ANJO SELVAGEM” DE HOLLYWOOD

Chega ao fim a nossa homenagem a Roger Corman, “O Anjo Selvagem de Hollywood”, rei da série B e do “exploitation movie”, iniciada em Junho. Esta última parte inclui os melhores filmes da fase final da sua carreira como realizador (THE ST. VALENTINE’S DAY MASSACRE, THE TRIP, BLOODY MAMA, VON RICHTOFEN AND BROWN e o inédito entre nós FRANKENSTEIN UNBOUND), bem como um pouco conhecido TOWER OF LONDON, a que se junta a “falha” de Julho: THE HAUNTED PALACE. A estes acrescentam-se alguns filmes dos seus mais distintos “alunos”, Jonathan Demme, Joe Dante, Alan Arkush e Peter Bogdanovich.

THE ST. VALENTINE’S DAY MASSACRE

O Massacre de Chicago de Roger Corman

com Jason Robards, George Segal, Ralph Meeker, Jean Hale, Clint Ritchie, Frank Silvera, Bruce Dern, Harold J. Stone, John Agar, Barboura Morris, Ken Scott, Jack Nicholson

Estados Unidos, 1967 - 100 min / legendado electronicamente em português

Uma rigorosa reconstituição dos acontecimentos que levaram ao chamado “Massacre do dia de S. Valentim” em que pistoleiros a cargo de Al Capone assassinaram numa garagem vários membros de um gang rival. CORMAN utiliza um tom quase documental num dos melhores filmes do género que se fizeram.

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Seg. [03] 19:00 Qua. [05] 22:00

TOWER OF LONDON de Roger Corman

com Vincent Price, Michael Pate, Joan Freeman, Robert Brown

Estados Unidos, 1962 - 79 min / legendado electronicamente em português

Remake do filme com o mesmo nome feito por Rowland V. Lee em 1939, vagamente inspirado no Ricardo III de Shakespeare. Filmado a preto e branco para o produtor (Edward Small) poder utilizar as cenas de batalhas do primeiro filme. CORMAN dá a “volta” ao argumento original, introduzindo alguns toques de humor negro.

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Ter. [04] 19:00 Sex. [07] 22:00

FRANKENSTEIN UNBOUND de Roger Corman

com John Hurt, Raul Julia, Nick Brimble, Bridget Fonda, Jason Patric

Estados Unidos, 1990 - 82 min / legendado electronicamente em português

O “monstro” que faltava na “casa de Corman”, Frankenstein. Contudo, a adaptação não se faz segundo o clássico de Mary Shelley, mas sim através da sua variação em forma de “ficção científica” escrita por Brian Aldiss, sobre um cientista que vive em 2031 e que faz uma viagem ao tempo de Mary Shelley e da sua famosa criação.

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Qua. [05] 19:30 Seg. [10] 19:30

FIGHTING MAD

O Vingador da Estrada de Jonathan Demme

com Peter Fonda, Gino Franco, Harry Northup, Philip Carey, Scott Glenn

Estados Unidos, 1976 - 90 min / legendado em português

O terceiro e o melhor dos “exploitation movies” que o futuro autor de THE SILENCE OF THE LAMBS fez para ROGER CORMAN. É uma história de acção com a vingança sobre um homem (Peter Fonda) que entra em confronto com uma empresa de construção civil que o quer expulsar, e aos vizinhos, da terra que ocupam.

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Qui. [06] 19:00 Seg. [10] 22:00

THE TRIP

Os Hippies de Roger Corman

com Peter Fonda, Susan Strasberg, Bruce Dern, Dennis Hopper, Barboura Morris, Dick Miller, Luana Anders

Estados Unidos, 1967- 85 min / legendado electronicamente em português

Um clássico da “contracultura cinematográfica” que praticamente inaugurou um subgénero, o “acid movie”. Com argumento de Jack Nicholson, THE TRIP (ou OS HIPPIES, segundo o delicioso rigor sociológico do título português) é uma descrição delirante das “viagens” de LSD do protagonista Peter Fonda. Foi um relativo sucesso de bilheteira e, para o trio Fonda-Hopper-Nicholson, uma etapa na contagem decrescente para EASY RIDER.

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Sex. [07] 19:00 Qua. [12] 22:00

BLOODY MAMA

O Dia da Violência de Roger Corman

com Shelley Winters, Don Stroud, Pat Hingle, Robert De Niro, Clint Kimbrough, Diane Varsi, Bruce Dern

Estados Unidos, 1970 - 90 min / legendado electronicamente em português

Shelley Winters tem um dos seus grandes papéis neste “biopic” da notória “Ma” Barker, que dirigia um gang de salteadores formado pelos seus filhos, na década de 30, do século passado, e que foi apontada como um dos “inimigos públicos” pelo FBI. Uma obra brutal por onde passam também as referências ao incesto. (ver entrada em Megeras no Cinema)

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Ter. [11] 21:30 Sex. [14] 22:00

HOLLYWOOD BOULEVARD de Alan Arkush e Joe Dante

com Candice Rialson, Mary Woronov, Rita George, Jeffrey Kramer, Dick Miller

Estados Unidos, 1976 - 83 min / legendado electronicamente em português

“If it’s a good picture, it’s a Miracle!” é o lema da companhia que produz um filme de série B, e é o trabalho dessas filmagens (!) que Arkush e Dante encenam, aproveitando inúmeros stock-shots das produções CORMAN. Foi o filme que aqueles realizadores fizeram na sequência de uma aposta com CORMAN: que eram capazes de fazer um filme mais barato do que ele! Se é bom… é um milagre!

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Qua. [12] 19:00 Ter. [18] 22:00

THE HAUNTED PALACE

O Palácio Maldito de Roger Corman

com Vincent Price, Debra Paget, Frank Maxwell, Lon Chaney Jr, Leo Gordon, Elisha Cook, Jr. John Dierkes

Estados Unidos, 1963 - 85 min / legendado electronicamente em português

A última adaptação de Poe feita por CORMAN nos Estados Unidos. As duas seguintes (THE MASQUE OF THE RED DEATH e THE TOMB OF LIGEIA foram-no em Inglaterra). Desta vez, CORMAN não se limita a Poe. Ao poema que lhe serve de epígrafe, junta-se o tema de outro clássico autor do fantástico, H.P. Lovecraft, exactamente com a sua obra mais famosa, The Case of Charles Dexter Ward. O descendente de um feiticeiro morto em 1765 regressa à casa familiar despertando velhos fantasmas e assombrando a região.

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Seg. [17] 19:00 Qua. [19] 19:30

SAINT JACK

Noites de Singapura de Peter Bogdanovich

com Ben Gazzara, Denholm Elliott, James Villiers, Joss Ackland

Estados Unidos, 1979 - 112 min / legendado electronicamente em português

Já um conhecido realizador em 1979 (THE LAST PICTURE SHOW, PAPER MOON), mas marcado pelo desastre de AT LONG LAST LOVE, Bogdanovich recorreu ao seu antigo “mestre”, ROGER CORMAN, para produzir SAINT JACK, que resultou um dos seus melhores filmes. História de um americano na Singapura dos anos 70, tentando fazer fortuna na exploração de um bordel, a convite da CIA, para os soldados americanos em combate no Vietname.

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Qua. [19] 21:30 Qui. [20] 22:00

VON RICHTOFEN AND BROWN

O Barão Vermelho de Roger Corman

com John Phillip Law, Don Stroud, Barry Primus, Karen Huston, Corin Redgrave, Hurd Hatfield

Estados Unidos, 1970 - 97 min / legendado electronicamente em português

Uma reconstituição cuidada dos combates aéreos durante a primeira guerra mundial, lembrando clássicos como HELL’S ANGELS e THE DAWN PATROL. Estamos em França em 1916 e o filme conta-nos a rivalidade e os duelos aéreos entre dois ases da aviação daquele tempo, o alemão Von Richtofen, chamado “O Barão Vermelho”, e o canadiano Roy Brown.

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Seg. [24] 21:30 Qua. [26] 22:00

WARLOCK

Sortilégio de Steve Miner

com Julian Sands, Lori Singer, Richard E. Grant, Mary Woronov

Estados Unidos, 1989 - 103 min / legendado em português

Uma fantasia de horror dirigida por outro dos “alunos” de ROGER CORMAN, Steve Miner. É a história de um feiticeiro que escapa à fogueira em 1691, “fugindo” para o futuro (a nossa época), mas perseguido pela sua Nemésis, um caçador de feiticeiros. Ambos em busca da “Bíblia do Diabo” que contem o verdadeiro nome de Deus capaz de provocar a destruição do mundo.

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Ter. [25] 22:00




IN MEMORIAM OUSMANE SEMBÈNE

O senegalês Ousmane Sembène (1923-2007) foi o primeiro cineasta de envergadura a aparecer em África. O seu itinerário foi invulgar. Nascido numa família com poucos recursos, exerceu diversas profissões (pescador, pedreiro, mecânico) antes de partir para Marselha, onde durante dez anos foi estivador e exerceu uma intensa actividade sindical. Autodidacta, começou a publicar livros em 1957, num total de sete. No que se refere à sua passagem ao cinema, passamos a palavra ao próprio Sembène: “Percebi que o livro só alcançava uma pequena minoria de pessoas nos países maioritariamente analfabetos da África Negra dita francófona, e decidi fazer cinema. Passei um ano no estúdio Gorki, em Moscovo, onde recebi um ensino essencialmente prático, sob a orientação de Mark Donskoi”. Nas suas oito longas-metragens, Sembène jamais sucumbiu à tentação de um cinema decorativo, para exportação, nem às certezas demasiado simples do cinema militante.

MOOLADÉ

de Ousmane Sembène

com Fatoumata Coullibaly, Maimouna Hélène Diarra, Salimata Traoré

Senegal/França, 2004 - 120 min / legendado em francês

No seu último filme, Ousmane Sembène aborda o polémico tema da excisão feminina. A história passa-se numa aldeia, no dia em que várias crianças vão sofrer a horrível mutilação. Duas delas suicidam-se e as quatro sobreviventes pedem protecção, através da magia, a uma mulher que recusara que a sua própria filha sofresse a excisão. A mulher é a única a poder suspender a protecção mágica (a “mooladé” do título) e sofre violentas pressões. Como se vê, no seu testamento cinematográfico, o patriarca do cinema africano demonstra que nem todas as tradições são positivas.

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Seg. [03] 19:30




MEGERAS NO CINEMA


Vejo-as logo assim: magras, sequinhas e pálidas, fechadas até ao pescoço. Mas não se apeguem a esta imagem. Podem aparecer brandas, resignadas e até dóceis. Indiscretamente discretas. Nem sempre os filmes lhes dão o protagonismo. Tal como na vida, são personagens que se insinuam secretamente, tudo contaminam em redor, tecendo laços malévolos, sussurrando feitiços no seu silêncio. Mulheres cheias de veneno. E, se o cinema nos espelha a alma e muitas vezes nos serve de modelo, com megeras dessas ninguém se quer parecer. Neste Ciclo, não estamos a evocar as “tão mázinhas”, dessas capazes de tudo deitar a perder ou dessas que têm sede da vingança. A essas, muitas vezes – ou sempre? – nos rendemos, nos prendemos, tudo perdoamos e finalmente… muito amamos. – Quem não se prende a Pearl-Jennifer-Jones em duelos ao sol? Quem não ‘leva aos céus’ a Ellen de LEAVE HER TO HEAVEN, ou a filha de Mother Gin Sling e do homem do SHANGHAI GESTURE, Gene Tierney chamada em ambos os casos? Ou a Bette Davis do ALL ABOUT EVE e de JEZEBEL? Ou a Barbara Stanwyck de FORTY GUNS? Viennas at Vienna’s. A questão aqui é outra. Falamos das outras, das más que não nos chegam aos sonhos. As que envenenam e nos matam o desejo. E é uma questão posta no feminino pois no masculino a conversa seria outra, se é que havia conversa. Falamos da maldade a seco, sem entranhas. Aquelas de quem se diz: “Má como as cobras!”. Estafermos de saias.

Fica aqui a ideia de olhar para uma série de filmes onde vagueiam algumas dessas sinistras criaturas que, queiramos ou não, se colam a nós. Mais amargas do que a morte no alto da sua solidão.

Às Mrs. Danvers, deixem-nas nos filmes, fujam delas na vida!

ALL ABOUT EVE

Eva de Joseph L. Mankiewicz

com Bette Davis, Anne Baxter, George Sanders, Celeste Holm, Gary Merrill, Marilyn Monroe

Estados Unidos, 1950 - 138 min / legendado em português

Um dos mais célebres papéis de Bette Davis, numa comédia cruel sobre o arrivismo. Eve Harrington, jovem inexperiente mas ambiciosa, insinua-se junto da famosa actriz Margo Channing, e do seu grupo de amigos. Eve torna-se a pessoa de confiança de Margo a quem a idade não vai perdoando. Pouco a pouco Eve encanta todos e cai nas graças de um eminente crítico (George Sanders). Usando de todas as artimanhas consegue finalmente depor Margo e ser ela a receber os louros.

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Seg. [03] 21:30

BEYOND THE FOREST de King Vidor

com Betty Davis, Joseph Cotten, David Brian, Ruth Roman, Minor Watson

Estados Unidos, 1949 - 97 min / legendado electronicamente em português

Talvez um dos filmes mais sombrios de King Vidor. Rosa Moline recorre a tudo para abandonar a pequena cidade onde vive com o marido, um pacato e acomodatício médico. Vai para Chicago atrás do amante Neil. Uma vez em Chicago, Neil já não a quer. Rosa volta a casa, grávida e Neil reaparece-lhe…Os que julgam que se trata da historieta do costume que venham e vejam por si.

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Qua. [05] 21:30

DETOUR de Edgar G. Ulmer

com Tom Neal, Ann Savage

Estados Unidos, 1945 - 67 min / legendado electronicamente em português

Um dos mais míticos filmes negros. DETOUR, realizado com poucos meios e muita imaginação, é a história de um homem que tenta, em vão, fugir à fatalidade que paira sobre ele e que o leva a enredar-se cada vez mais na teia que o há-de destruir, como o fio de telefone que estrangula a mulher “fatal”, sem que ele dê por isso. Pouco a pouco, todas as alternativas desaparecem.

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Qui. [06] 22:00

O RIO DO OURO de Paulo Rocha

com Isabel Ruth, Lima Duarte, Joana Bárcia, João Cardoso, Filipe Cochofel, José Mário Branco

Portugal, 1998 - 95 min

Inspirado em cantigas populares, romances de cordel e dramas “de faca e alguidar”, O RIO DO OURO é, para alguns, a obra-prima de Paulo Rocha. Um filme possuído por uma força telúrica onde pulsam a paixão e a violência, dominado pela “parte maldita”, com a paisagem do rio Douro ao fundo. E a outro fundo tudo arrasta Isabel Ruth -Carolina, nome suave para tais voos de bacante.

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Sex. [07] 19:30

RECORDAÇÕES DA CASA AMARELA de João César Monteiro

com Manuela de Freitas, Teresa Calado, Luís Miguel Cintra, Ruy Furtado, HENRIQUE VIANA, Sabina Sacchi

Portugal, 1989 - 119 min

Ver entrada em In Memoriam Henrique Viana

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Seg. [10] 21:30

REBECCA

Rebeca de Alfred Hitchcock

com Laurence Olivier, Joan Fontaine, Judith Anderson, George Sanders, Nigel Bruce, Gladys Cooper, Florence Bates, Reginald Denny, C. Aubrey Smith, Leo G. Carroll

Estados Unidos, 1940 - 130 min / legendado em português

REBECCA foi a passadeira vermelha lançada por Hollywood para receber o “mestre do suspense”. De certo modo, a própria novela de Daphne du Maurier fora escrita a pensar na sua adaptação por Hitch, e para Olivier como intérprete. Mas o filme é também a frágil personagem de Joan Fontaine, a “sombra” sinistra de Mrs. Danvers, a governanta (Judith Anderson) e o fantasma presente de Rebecca, que domina o filme de uma ponta a outra.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Ter. [11] 19:00

BLOODY MAMA

O Dia da Violência de Roger Corman

com Shelley Winters, Don Stroud, Pat Hingle, Robert De Niro, Clint Kimbrough, Diane Varsi, Bruce Dern

Estados Unidos, 1970 - 90 min / legendado electronicamente em português

Ver entrada em Roger Corman o “Anjo Selvagem de Hollywood”

Sala Dr. Félix Ribeiro Sala Luís de Pina

Ter. [11] 21:30 Sex. [14] 22:00

THE BIG HEAT

Corrupção de Fritz Lang

com Glenn Ford, Gloria Grahame, Jocelyn Brando, Lee Marvin, Jeanette Nolan

Estados Unidos, 1953 - 89 min / legendado em espanhol

Uma das obras maiores de Fritz Lang. Glenn Ford é um agente da polícia que investiga o suicídio de um sargento da corporação, mas acaba por descobrir estar envolvido num esquema de corrupção. Gloria Grahame sublime. Mas a megera aqui é a outra. Bertha (Jeanette Nolan), “pior do que as cobras”, a mulher do agente morto. “Devemos tratar--nos pelo nome, Bertha. – diz-lhe Grahame quando a encontra. Somos irmãs pelo vison.” E há a famosa cena do café a ferver atirado à cara de Gloria Grahame.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Qua. [12] 19:00

LA POISON

de Sacha Guitry

com Michel Simon, Germaine Reuver, Jean Debucourt, Jacques Varennes, Jeanne Fusier-Gir.

França, 1951 - 82 min / legendado electronicamente em português

Uma deliciosa comédia negra. Desta vez Guitry decide não aparecer e dá a vez a Michel Simon que faz o papel de um homem com um casamento insuportável. O ódio é mútuo e enquanto a megera da mulher, Germaine Reuver, compra veneno para se livrar do marido, este anda com ideias semelhantes que põe em prática quando descobre que podemos cometer um crime e safarmo-nos.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Qua. [12] 21:30

THE OLD MAID

A Velha Ama de Edmund Goulding

com Bette Davis, Miriam Hopkins, Jane Bryan, George Brent, Donald Crisp, Louise Fazenda

Estados Unidos, 1939 - 95 min / legendado electronicamente em português

Baseado numa peça teatral, a acção desenrola-se entre os anos 1860 e 1880. Um dos mais célebres melodramas dos anos 30, com Bette Davis no papel de uma mãe solteira, cuja filha não sabe que ela é a sua mãe e ignora-a em benefício de uma prima egoísta e manipuladora, Miriam Hopkins. O “duelo” entre estas duas grandes actrizes, dá uma enorme força ao filme. O título português ficou na galeria das “gaffes” célebres, já que não há ama nenhuma, nem velha nem nova.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Qui. [13] 19:00

FEDORA

O Segredo de Fedora de Billy Wilder

com William Holden, Marthe Keller, Hildegard Kneff, Henry Fonda, Michael York

Alemanha/Estados Unidos, 1978 - 114 min / legendado electronicamente em português

A fascinante história de uma actriz que, quando envelhece, se retira para uma ilha grega e se faz substituir pela filha num “comeback”, transmitindo desta forma terrível a ilusão de uma juventude “eterna”. A realidade contaminada pelo poder do cinema. Billy Wilder visita as ilhas gregas, no penúltimo filme da sua carreira, que é também uma revisitação ao mundo de SUNSET BOULEVARD. “Who shows hope in the flesh reaps bones”, como alguém escreveu sobre a inútil veneração da juventude e da beleza. Um filme relevante para tempos narcisistas.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Sex. [14] 19:00

ANGEL FACE

Vidas Inquietas de Otto Preminger

com Robert Mitchum, Jean Simmons, Herbert Marshall

Estados Unidos, 1953 - 90 min / legendado em português

“O único pesadelo lírico do cinema”, segundo as palavras de Ian Cameron, mostra Jean Simmons como uma jovem da alta burguesia que é um “anjo da morte”, e que acaba por se destruir a si própria. Sombrio melodrama com conotações psicanalíticas, ANGEL FACE é também uma variação sobre o tema da mulher maléfica, tão presente no cinema americano deste período. Mitchum é o seu amante, um homem que a mulher arrasta para o crime e que é incapaz de dominar a situação.

Sala Luís de Pina

Ter. [18] 19:30

ENCHANTMENT

Encantamento de Irving Reis

com David Niven, Teresa Wright, Jayne Meadows,Evelyn Keyes, Farley Granger, Leo G. Carroll

Estados Unidos, 1948 - 100 min / legendado em português

É uma das mais belas histórias de amor jamais filmadas. Segue a vida e os amores de Lark (Teresa Wright), uma rapariga que cedo perde os pais e vai viver com uma nova família, os Dane. Depressa faz amizade com os dois irmãos, Pehlum e Rollo e acaba por se apaixonar por este. Mas cada atenção que Lark recebe redobra o ódio de Selina (Jayne Meadows), a irmã mais velha, má e ciumenta que a detesta mas que adora os irmãos e o pai. E é Selina quem destrói a tão bela história de amor entre Teresa Wright e David Niven (Rollo).

Sala Luís de Pina

Qua. [19] 22:00

JOHNNY GUITAR

Johnny Guitar de Nicholas Ray

com Joan Crawford, Sterling Hayden, Mercedes McCambridge, Scott Brady, Ward Bond, John Carradine, Ben Cooper, Ernest Borgnine

Estados Unidos, 1954 - 110 min / legendado em português

Um dos westerns maiores da história do cinema, de cores agressivas e imagens barrocas (as fabulosas cenas de Joan Crawford no interior do saloon, o cenário deste com os fantomáticos “croupiers” e a roleta a rodar). Um filme “onde os cowboys desmaiam e morrem com a graça das bailarinas” (François Truffaut). E um “duelo” sem tréguas entre as fabulosas Vienna (Crawford) e Emma (Mercedes McCambridge).

Sala Luís de Pina

Qui. [20] 19:30

A TREE GROWS IN BROOKLYN

Laços Humanos de Elia Kazan

com Dorothy McGuire, Joan Blondell, James Dunn, Peggy Ann Garner

Estados Unidos, 1945 - 128 min / legendado electronicamente em português

Na Brooklyn cerca de 1900, a família Nolan faz por tirar partido da vida apesar da grande pobreza e do alcoolismo do pai. Através de episódios, mais cómicos ou mais dramáticos, acompanhamos a pequena Francie (Peggy Ann Garner) que luta para manter vivo o seu idealismo e que quer a toda a força aprender “tudo sobre tudo o que há para aprender” lendo todos os livros da biblioteca local, por ordem alfabética… “A tree groes…”, apesar da crueldade e da injustiça do mundo: lembrem-se dos castigos na escola: há megeras, mas há umas que abusam!

Sala Luís de Pina

Seg. [24] 19:30

CAGED

Encarcerada de John Cromwell

com Eleanor Parker, Agnes Moorehead, Jan Sterling

Estados Unidos, 1950 - 96 min / legendado electronicamente em português

O primeiro sinal do fugaz interesse da Academia por Eleanor Parker (e a sua primeira nomeação para o oscar). Subtilmente evoluindo da inocência para a perversidade, Parker traz à sua personagem a dimensão humana que transcende os clichés do women’s prison film, onde o mundo habitualmente se dividia entre o preto-muito-preto da culpa e o branco-mais-que-branco da inocência.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Ter. [25] 19:00

VOICI LE TEMPS DES ASSASSINS

Um Caso Diabólico de Julien Duvivier

com Jean Gabin, Danièle Delorme, Lucienne Bogaert, Gérard Blain

França, 1956 - 110 min / legendado em português

Jean Gabin tem neste filme um dos papéis mais interessantes desta fase da sua carreira, como dono de um grande restaurante em Paris, que dá emprego a uma jovem. Esta, no entanto, uma manipuladora, filha de uma ex-amante de Gabin, toxicodependente, decide vingar-se dele através da filha.

Sala Luís de Pina

Sex. [28] 22:00






ESCRITORES NO CINEMA PORTUGUÊS:

DAVID MOURÃO-FERREIRA E VERGÍLIO FERREIRA

Na rubrica que, ao longo deste ano, temos dedicado à presença de escritores portugueses no nosso cinema, voltamo-nos este mês para David Mourão-Ferreira e para Vergílio Ferreira, vistos por Jorge Brum do Canto, Manuel (e Dórdio) Guimarães, Lauro António e José Fonseca e Costa.

FADO CORRIDO de Jorge Brum do Canto

com Amália Rodrigues, Jorge Brum do Canto, Adelina Rodrigues, João Guedes, Isabel de Castro

Portugal, 1964 - 122 min

FADO CORRIDO parte da obra de David Mourão Ferreira Agora: Fado Corrido, a que junta fados de Amália e solos de Carlos Paredes. A história de amor, ciúme e fatalidades, desenvolve-se em torno de um triângulo amoroso composto por um fidalgo marialvista, uma fadista, e o rapaz por quem ela deixa o fidalgo.

Sala Luís de Pina

Seg. [03] 22:00

CÂNTICO FINAL de Manuel Guimarães e Dórdio Guimarães

com Ruy de Carvalho, Manuela Cardo, Fernando Curado Ribeiro

Portugal, 1975 - 110 min

Adaptação do romance homónimo de Vergílio Ferreira, CÂNTICO FINAL é também um testamento em que Manuel Guimarães se projecta na personagem de Mário Gonçalves (Ruy de Carvalho), um professor de liceu ameaçado de morte devido a um cancro, e que regressa à aldeia onde nasceu, na Serra da Estrela, para aí passar os últimos dias. Manuel Guimarães já não acabou o filme, concluído por seu filho, Dórdio Guimarães.

Sala Luís de Pina

Qui. [13] 22:00

MANHÃ SUBMERSA de Lauro António

com Eunice Muñoz, Vergílio Ferreira, Canto e Castro, Jacinto Ramos

Portugal, 1980 - 131 min

Adaptação do romance homónimo de Vergílio Ferreira. É simultaneamente a observação lúcida da única possibilidade de um jovem pobre do campo sair dessa classe (a protecção de uma família de proprietários para uma carreira eclesiástica) e uma análise do conflito entre o espírito e a carne. Apresentado em Cannes na Quinzena dos Realizadores.

Sala Luís de Pina

Seg. [17] 22:00

SEM SOMBRA DE PECADO de José Fonseca e Costa

com Mário Viegas, Victoria Abril, Lia Gama, Armando Cortês

Portugal, 1982 - 104 min

Na década de 40, durante a Guerra Mundial, na paz podre do salazarismo, SEM SOMBRA DE PECADO segue a relação de um militar com uma mulher misteriosa. Irreverente e provocante, o filme de José Fonseca e Costa adapta um conto de David Mourão Ferreira e foi apresentado em Cannes na Quinzena dos Realizadores. Cópia nova.

Sala Luís de Pina

Seg. [24] 22:00




HISTÓRIA PERMANENTE DO CINEMA (Continuação)

Continuamos o nosso habitual percurso dos Sábados através de filmes, realizadores, obras de género ou de escolas específicas, grandes clássicos ou raridades, que pertencem à História do Cinema, no período que vai de 1915 a 1965. Este mês, entre os grandes clássicos, obras de Visconti, Eisenstein, Chaplin e Sternberg, além de dois emblemáticos filmes negros americanos. Entre as obras mais raramente vistas, uma ficção sobre Auschwitz, realizada por uma sobrevivente do Holocausto, um programa dedicado a Len Lye, mestre do cinema de animação, um admirável e pouco visto filme de Boris Barnet. Veremos ainda um dos filmes mais livres e belos de Jean Renoir e, no domínio do cinema mudo, além do já mencionado Chaplin, um de Fritz Lang (de que apresentamos também LilioM, único filme que realizou em Francês), uma jóia do burlesco americano e dois grandes e ambiciosos filmes, um francês e o outro alemão.

Tal como aconteceu em Julho, devido às Sessões na Esplanada, não se realizam as Sessões das 21.30m

IL GATTOPARDO

O Leopardo de Luchino Visconti

com Burt Lancaster, Alain Delon, Claudia Cardinale, Paolo Stoppa, Serge Reggiani, Rina Morelli

Itália, 1963 - 185 min / legendado em português

Adaptado do romance de Tomasi De Lampedusa, IL GATTOPARDO é, talvez, o exemplo maior do cinema histórico, pelo rigor da análise social, pelo retrato das personagens e pela descrição dos conflitos. O pano de fundo é a libertação da Itália por Garibaldi e o tema o fim de uma era e o nascimento de outra, com as soluções de compromisso e as cumplicidades do poder com as “ex” classes dirigentes. Burt Lancaster compõe um fabuloso príncipe de Salina, que sabe que “é preciso que alguma coisa mude para que fique tudo na mesma”.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Sáb. [08] 15:30

THIEVES HIGHWAY

O Mercado dos Ladrões de Jules Dassin

com Richard Conte, Valentina Cortese, Lee J. Cobb, Jack Oakie

Estados Unidos, 1948 - 90 min / legendado electronicamente em português

Em muitos filmes americanos dos anos 30, soldados que lutaram na Primeira Guerra Mundial são arrastados para o mundo do crime ao voltar para os Estados Unidos. Em THIEVES HIGHWAY, a situação é inversa: ao voltar da Segunda Guerra Mundial, um jovem enfrenta um nada escrupuloso distribuidor de frutas e legumes, que arruinara o seu pai. Os temas sociais unem-se à típica tensão narrativa das histórias criminais do cinema americano e o resultado é um dos melhores filmes de Dassin.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Sáb. [08] 19:00

SPIONE

Espiões de Fritz Lang

com Rudolph Klein-Rogge, Gerda Maurus, Willy Fritsch, Lupu Pick, Fritz Rasp

Alemanha, 1928 - 178 min / mudo, intertítulos em alemão traduzidos electronicamente em português

SPIONE é uma das muitas incursões de Fritz Lang nos anos 20 no universo folhetinesco, de que também é exemplo DR. MABUSE DER SPIELER. Um dos momentos mais impressionantes do filme inspira-se num caso real, que tivera lugar poucos anos antes: o ataque da Scotland Yard à sede de uma organização anarquista em Londres, cheio de peripécias rocambolescas, com que Lang e Thea Von Harbou culminam esta nova digressão por uma Alemanha em crise, onde um super-criminoso dirige uma organização que quer controlar o mundo.

Sala Luís de Pina

Sáb. [08] 19:30

BLONDE VENUS

A Vénus Loira de Josef Von Sternberg

com Marlene Dietrich, Cary Grant, Herbert Marshall, Dickie Moore

Estados Unidos, 1932 - 97 min / legendado em espanhol

Neste filme, o quinto que fez com Sternberg (num total de sete), Marlene Dietrich interpreta a figura de uma mulher que tem uma vida dupla: depois de deixar o marido, é cantora num cabaret, onde trabalha para sustentar o filho. Dos filmes que fez com Sternberg, este é o único em que tem ou teve uma vida familiar “normal”. BLONDE VENUS contém uma das cenas mais famosas e surreais da carreira de Marlene: o mítico número musical, em que surge na pele de um gorila para cantar o fabuloso Hot Voodoo.

Sala Luís de Pina

Sáb. [08] 22:30

IVAN GROZNY

Ivan, o Terrível

1ª parte de Sergei M. Eisenstein

com Nikolai Tcherkassov, Serafina Birman, Ludmilla Tselikovskaya

URSS, 1943-45 - 98 min / legendado em português

O último filme de Eisenstein é uma das obras-primas absolutas de toda a história do cinema. Dividido em duas partes, o filme descreve o itinerário do czar, que vai da pureza adolescente até à mais absoluta tirania. A profundidade de foco, o uso das sombras e das luzes, a fusão entre a música de Prokofiev e os diálogos, criam um filme de indescritível beleza, que também é uma reflexão política. IVAN, O TERRÍVEL também contém uma breve sequência a cores, a única realizada por Eisenstein. Proibida por ordem pessoal de Estaline, que bem percebeu a analogia entre o czar e a sua pessoa, a segunda parte do filme só foi mostrada em público em 1958, dez anos depois da morte do realizador.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Sáb. [15] 15:30

IVAN GROZNY

Ivan, o Terrível

2ª parte de Sergei M. Eisenstein

com Nikolai Tcherkassov, Serafina Birman, Ludmilla Tselikovskaya

URSS, 1943-45 - 85 min / legendado em espanhol

Sala Dr. Félix Ribeiro

Sáb. [15] 19:00

LILIOM

Liliom de Fritz Lang

com Charles Boyer, Madeleine Ozeray, Florelle, Antonin Artaud

França, 1934 - 117 min / legendado em português

Realizado em Paris, entre a saída de Lang da Alemanha, em 1933, e o seu primeiro filme americano em 1936, LILIOM é a segunda adaptação ao cinema de uma célebre peça de Ferenc Molnar, previamente filmada por Frank Borzage. Trata-se de um filme peculiar na filmografia de Lang, história de um homem que, ao morrer, chega ao céu e vê que o “outro mundo” é quase igual a este, com burocratas e regulamentos. Ao filmar o “outro mundo” como se deste se tratasse, Lang também fez uma bela reflexão sobre o cinema e sobre o seu trabalho.

Sala Luís de Pina

Sáb. [15] 19:30

TUSALAVA

COLOUR BOX

KALEIDOSCOPE

THE BIRTH OF THE ROBOT

RAINBOW DANCE

N. OR NW.

COLOUR FLIGHT

SWINGING THE LAMBETH WALK

MUSICAL POSTER

COLOUR CRY

RHYTHM

PARTICLES IN SPACE de Len Lye

Grã-Bretanha e Canadá, 1929, 1935, 1936, 1937, 1938, 1939, 1940, 1952, 1957, 1957-79 - duração total: 58 min / sem diálogos

O neo-zelandês Len Lye (1901-80) é um dos grandes nomes do cinema de animação não narrativo. A sua obra costuma ser estudada no âmbito do cinema experimental, mais do que no da animação, tal como a de Norman McLaren, a quem pode ser comparado. Lye foi, por sinal, o primeiro a desenhar directamente na película, antes de McLaren, a quem é atribuída esta ideia. Foi um grande experimentador de formas e de cores, em filmes que, como assinalou Claudine Eizykman “têm a característica espantosa de serem de uma alegria absoluta”.

Sala Luís de Pina

Sáb. [15] 22:00

THE CIRCUS

O Circo de Charles Chaplin

com Charles Chaplin, Allan Garcia, Merna Kennedy

Estados Unidos, 1927 - 70 min / mudo, intertítulos em inglês, traduzidos em português

Charlot, o vagabundo, vai trabalhar num circo por acaso e torna-se uma vedeta. Como o título e o argumento o indicam, THE CIRCUS é uma homenagem ao circo pelo mais sublime palhaço de todos os tempos. Estranha e injustamente, esta obra de maturidade nunca foi considerada uma das maiores obras-primas de Chaplin. E no entanto, na opinião de Jean Mitry, autor de um clássico estudo sobre Chaplin, “de todos os grandes filmes de Charlot, THE CIRCUS talvez seja o mais equilibrado. A sua construção é rigorosa, tem um movimento ascendente e cai bruscamente no final”.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Sáb. [22] 15:30

TONI de Jean Renoir

com Blavette, Jenny Hélia, Célia Dalban,

França, 1934 - 85 min / legendado em inglês

Realizado no período mais variado da carreira de Jean Renoir, TONI é considerado o filme que abre a chamada “fase realista” na obra do cineasta e foi realizado, segundo ele, num espírito “tão próximo quanto possível do documentário”. Trata-se, de facto, de uma obra de cunho realista, cujo protagonista é um imigrante italiano e a última imagem do filme é a chegada de um comboio de imigrantes. Mas também é uma obra sobre violentas paixões e sobretudo sobre as paixões eróticas. Um dos mais belos filmes de um cineasta que, segundo Truffaut, “nunca buscou a obra-prima” e que talvez por isso mesmo tenha feito tantas obras-primas.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Sáb. [22] 19:00

FEU MATHIAS PASCAL

O Defunto Pascal de Marcel L’Herbier

com Ivan Mosjoukine, Marcelle Pradot, Michel Simon

França, 1925 - 160 min / mudo, intertítulos em francês

Marcel L’Herbier foi um realizador ambicioso, que merece ser reavaliado. FEU MATHIAS PASCAL é baseado no romance de Pirandello, Il Fu Mattia Pascal, história de um homem que, devido a uma confusão, passa por morto e assume outra identidade. Com um desempenho excepcional de Mosjoukine (o actor do celebérrimo “efeito Koulechov”), FEU MATHIAS PASCAL é um filme repleto de sequências extraordinárias, que parecem prefigurar certas passagens do cinema de Orson Welles. Foi também o primeiro trabalho cinematográfico do grande cenógrafo Lazare Meerson, contratado a meio da rodagem.

Sala Luís de Pina

Sáb. [22] 19:30

OSTATNI ETAP

“A Última Etapa” de Wanda Jakubowska

com Barbara Drapinska, Alexandra Slaska, Tatjana Gorecka

Polónia, 1947 - 80 min / legendado electronicamente em português

Outrora programado com frequência por cinematecas e cineclubes, “A ÚLTIMA ETAPA” reconstitui a experiência da realizadora no campo de extermínio de Auschwitz, a cujos horrores sobreviveu e onde parte do filme foi feita. Mais do que um filme sobre o extermínio dos judeus pelos nazis, este é um filme sobre a capacidade de resistência física e moral, numa situação-limite da condição humana.

Sala Luís de Pina

Sáb. [22] 22:30

TRAMP, TRAMP, TRAMP

Sempre a Andar de Frank Capra e Harry Edwards

com Harry Langdon, Joan Crawford, Edwards Davis

Estados Unidos, 1926 - 65 min / mudo, intertítulos em inglês traduzidos electronicamente em português

Uma das obras-primas do cinema burlesco americano. Harry Langdon criou uma personagem de homem não muito inteligente, com a candura de uma criança, que permanece invariável de filme em filme. Em TRAMP, TRAMP, TRAMP, Langdon participa numa travessia a pé dos Estados Unidos, de costa a costa, financiada por um rico fabricante de sapatos. Mil peripécias se sucedem, mas Langdon não se deixa abater, pois apaixonou--se por uma mulher cujo retrato vê em inúmeros cartazes ao longo do caminho.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Sáb. [29] 15:30

ALENKA de Boris Barnet

com Natacha Ovodova, I Zaroubina, Vassili Chukchin

URSS, 1961-62 - 75 min / legendado electronicamente em português

ALENKA, nome da criança que é protagonista, foi o penúltimo filme do realizador de À BEIRA DO MAR AZUL e de A RAPARIGA DA CAIXA DE CHAPÉUS. Realizado a cor e em formato panorâmico, trata-se de uma espécie de road movie soviético, situado no momento da grande emigração de russos rumo ao Cazaquistão, em meados dos anos 50. Contrariando os clichés sobre o cinema soviético, ALENKA é um filme tónico e ligeiro, uma obra magnífica de um grande realizador, que merece ser revista.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Sáb. [29] 19:00

DIE LIEBE DER JEANNE NEY

O Amor de Joana Ney de Georg Pabst

com Edith Jeanne, Uno Henning, Fritz Rasp, Briggit Helm

Alemanha, 1927 - 100 min / mudo, intertítulos em inglês, traduzidos electronicamente em português

Baseado num romance de Ilya Ehrenburg, DIE LIEBE DER JEANNE NEY situa-se na Criméia durante a Revolução Bolchevique, que serve de pano de fundo para a história de dois amantes. Talvez por isso, Pabst tenha adoptado em muitas passagens um estilo semelhante ao do cinema soviético, com uma câmara em constante movimento, para dar a impressão da rapidez dos acontecimentos que se sucedem. Mas a marca de Pabst, que realizou algumas das maiores obras-primas do período mudo, permanece do começo ao fim.

Sala Luís de Pina

Sáb. [29] 19:30

THE MALTESE FALCON

Relíquia Macabra de John Huston

com Humphrey Bogart, Mary Astor, Peter Lorre, Sidney Greenstreet, Gladys George

Estados Unidos, 1941 - 100 min / legendado em português

THE MALTESE FALCON, primeiro filme de John Huston, é um dos primeiros filmes negros americanos e ilustra verdadeiramente as regras do género: as razões que movem as personagens são obscuras e no fim não há vencidos nem vencedores. Mortes misteriosas, ruelas obscuras e sombras ameaçadoras povoam o filme, que fez de Humphrey Bogart, aos 42 anos, uma vedeta, coisa que até então não era. É neste filme que se afirma o estilo inimitável do actor, como detective contratado para recuperar uma estatueta preciosa perdida num naufrágio. Não menos inimitáveis são as presenças de Peter Lorre e Sidney Greenstreet, enquanto Mary Astor tem o papel da sua vida, como uma daquelas mulheres que não merecem a menor confiança, típicas dos filmes negros.

Sala Luís de Pina

Sáb. [29] 22:00

IN MEMORIAM JEAN-CLAUDE BRIALY

Com uma carreira que se estendeu por mais de meio século, Jean-Claude Brialy (1933-2007) foi um dos mais importantes actores franceses da sua geração. Tornou-se conhecido com LE BEAU SERGE (1958), de Claude Chabrol, a quem dizia dever a sua carreira: “Chabrol convenceu-me de que eu era bom actor”. Brialy foi o único actor a ter trabalhado com os cinco grandes nomes da Nouvelle Vague: Godard, Truffaut, Rohmer, Chabrol e Rivette. Talvez por não ter sido galã em jovem, não teve dificuldades em adaptar-se a novos tipos de papéis à medida que o tempo passava. Na verdade, Brialy talvez tenha dado o melhor de si na maturidade, com uma serenidade e uma elegância bastante diferentes da agitação que o caracteriza, às vezes, na juventude. Mas sempre foi extremamente versátil. Além dos cinco da Nouvelle Vague, trabalhou com dezenas de outros realizadores, de várias gerações: Téchiné, Kast, Buñuel, Tavernier, Chéreau, Rozier, Duvivier, Bolognini, Marc Allégret, Scola, Claire Denis. Também realizou cinco filmes e alguns telefilmes. Curioso e generoso, Jean- -Claude Brialy encarna diversas facetas do cinema francês.

LE GENOU DE CLAIRE

O Joelho de Claire de Eric Rohmer

com Jean-Claude Brialy, Laurence de Monagahan, Aurora Cornu, Béatrice Romand, Gérard Falconetti

França, 1970 - 100 min / legendado em espanhol

O penúltimo e talvez o mais perfeito dos Seis Contos Morais de Rohmer. Numa mansão à beira de um lago, durante as férias de Verão, coabitam adolescentes e pessoas de meia-idade. Como acontece tantas vezes com os personagens de Rohmer, a vida é vivida mais como uma ideia do que como uma série de actos, pois estes personagens são uma subtil mistura da realidade e fantasias literárias. Num dos seus melhores papéis, BRIALY é um diplomata em férias, que seduz uma jovem, num “acto de vontade pura”, mas tem uma reacção inesperada, no último momento.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Ter. [04] 21:30

UNE FEMME EST UNE FEMME de Jean-Luc Godard

com JEAN-CLAUDE BRIALY, Anna Karina, Jean-Paul Belmondo

França, 1961 - 80 min / legendado em português

Segunda longa-metragem de Godard, UNE FEMME EST UNE FEMME é uma homenagem ao musical americano, filmado em “scope” e com cores sumptuosas, encenando um daqueles triângulos em que a obra do cineasta é fértil. Premiado no Festival de Berlim por ter “abanado as regras da comédia cinematográfica”, trata-se de um filme de extrema leveza e elegância, no qual Brialy mostra a sua versatilidade, com uma actuação em tudo diferente da que tem em LES COUSINS, por exemplo.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Qua. [05] 19:00

LES INNOCENTS de André Téchiné

com JEAN-CLAUDE BRIALY, Sandrine Bonnaire, Simon de la Brosse, Abdel Kéchiche

França, 1987 - 97 min / legendado em português

Realizado num dos melhores períodos da obra de Téchiné (entre RENDEZ-VOUS e LE LIEU DU CRIME), LES INNOCENTS é um filme admiravelmente construído. Situado em Toulon, no litoral mediterrânico, o filme tece uma complexa teia de relações entre as personagens: uma jovem vinda do norte de França, o seu irmão surdo-mudo, um maestro de meia-idade (BRIALY) e duas figuras opostas, ligadas ao maestro: o seu jovem amante árabe e o filho, ligado a grupos de extrema-direita. Uma história trágica, notavelmente realizada e interpretada.

Sala Luís de Pina

Qui. [06] 19:30

IO LA CONOSCEVO BENE de Antonio Pietrangeli

com Stefania Sandrelli, JEAN-CLAUDE BRIALY, Nino Manfredi, Ugo Tognazzi.

Itália, 1965 - 115 min / legendado electronicamente em português

Antonio Pietrangeli faleceu prematuramente em 1968, mas pôde dar com este filme a medida do seu talento. O filme conjuga o tema da juventude e o tom lúdico da Nouvelle Vague com a “desdramatização” herdada do cinema de Antonioni e narra uma única história, fragmentada em episódios breves, como se o filme fosse construído sobre o princípio da associação de ideias. No centro do filme, está Stefania Sandrelli e a sua relação com diversos homens. BRIALY é um deles.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Seg. [10] 19:00

LA RONDE

A Ronda do Amor de Roger Vadim

com JEAN-CLAUDE BRIALY, Jane Fonda, Francine Bergé, Anna Karina

França, 1964 - 110 min / legendado em português

Uma adaptação por Jean Anouilh da clássica peça de Schnitzler, que Max Ophuls levara ao écran em 1950, numa das suas obras-primas. Trata-se da história de uma sucessão de encontros sexuais, em que um dos membros de cada um dos pares aparece na história seguinte, até que o círculo se fecha. Vadim situa a acção em Sarajevo, no dia do atentado ao Príncipe Herdeiro da Áustria, que despoletou a Primeira Guerra Mundial. Brialy tem o papel do jovem estudante, que, na versão de Ophuls, fora interpretado por Daniel Gélin.

Sala Luís de Pina

Ter. [11] 22:00

LES COUSINS de Claude Chabrol

com JEAN-CLAUDE BRIALY, Gérard Blain, Juliette Mayniel

França, 1959 - 110 min / legendado electronicamente em português

Na sua segunda longa-metragem, Chabrol voltou a reunir o par masculino do seu filme de estreia, LE BEAU SERGE: Gérard Blain e JEAN-CLAUDE BRIALY. Como tantos filmes da Nouvelle Vague, este mostra personagens jovens. Blain é um provinciano que vem estudar em Paris e vai viver em casa de um primo, que é bon vivant e inconstante. Um notável desempenho de BRIALY, neste papel de burguês despreocupado, que não se envolve a sério com nada.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Ter. [18] 21:30

INSPECTEUR LAVARDIN de Claude Chabrol

com JEAN-CLAUDE BRIALY, Jean Poiret, Bernadette Laffont, Jean-Luc Bideau

França, 1986 - 100 min / legendado electronicamente em português

Em meados dos anos 80, o prolífico Claude Chabrol (que aos 77 anos, acaba de realizar o seu septuagésimo filme), entrou num período de grande maturidade, em que diversas obras magníficas se sucedem. INSPECTEUR LAVARDIN retoma a personagem principal do filme anterior de Chabrol, POULET AU VINAIGRE, um inspector de polícia (encarnado por Jean Poiret), que neste filme deve investigar o homicídio de um escritor católico numa cidade de província. Na sua quinta e última colaboração com Chabrol, BRIALY faz o papel do cunhado do morto e o seu comportamento é suspeito, mas as coisas são menos simples do que parecem.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Qua. [26] 19:00

L’ÉDUCATION SENTIMENTALE de Alexandre Astruc

com JEAN-CLAUDE BRIALY, Marie-José Nat, Dawn Adams

França, 1962 - 92 min / sem legendas

Precursor e companheiro de viagem da Nouvelle Vague, Alexandre Astruc seguiria, a partir deste filme, um caminho cada vez mais solitário. L’ÉDUCATION SENTIMENTALE transpõe para a época em que foi filmado o magnífico romance de Flaubert, uma história de amor e amizade. BRIALY tem o principal papel neste filme extremamente calculado, que é um dos melhores exemplos da mise en scène geométrica de Astruc.

Sala Luís de Pina

Sex. [28] 19:30

IN MEMORIAM HENRIQUE VIANA

Henrique Viana morreu em Julho passado, aos 71 anos. Estava, muito possivelmente, no auge da popularidade, graças à sua participação em séries televisivas de grande audiência. A polivalência, de resto, era uma das suas grandes forças; ou mais do que a polivalência, a capacidade de transitar entre objectos de natureza muito diferente, fossem teatro, cinema ou televisão, transportando sempre uma personalidade definida e uma presença inconfundível. Um olhar duro, uma certa brusquidão nos gestos, enorme subtileza nas modulações vocais. No cinema português, onde trabalhou abundantemente nos mais variados filmes dos mais diversos realizadores, deixou uma marca só comparável com a dos maiores “character actors” do cinema clássico americano. Vamos evocá-lo mostrando três das suas mais inesquecíveis presenças cinematográficas, em filmes de João César Monteiro, João Botelho e Pedro Costa.

RECORDAÇÕES DA CASA AMARELA de João César Monteiro

com João César Monteiro, Manuela de Freitas, Teresa Calado, Luís Miguel Cintra, Ruy Furtado, HENRIQUE VIANA, Sabina Sacchi

Portugal, 1989 - 119 min

RECORDAÇÕES DA CASA AMARELA, “uma comédia lusitana”, marca o nascimento de João de Deus, personagem cáustica e poética que só João César Monteiro poderia interpretar. À primeira vez, saído de um manicómio para divagar diletante por Lisboa e “lhes dar trabalho”, João de Deus encanta-se com uma menina que toca clarinete, passa uma noite de amor sob o olhar de Stroheim em imagem pregada na parede em cima da cama da pensão e transfigura-se em criatura das trevas como Nosferatu no fim do filme. HENRIQUE VIANA é o soldado da GNR que debate com João de Deus a “celestialidade” de Hölderlin. Manuela de Freitas, na dona da pensão e mãe da menina do clarinete, é a megera em todo o seu horror. Ver entrada em “Megeras no Cinema”.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Seg. [10] 21:30

TEMPOS DIFÍCEIS de João Botelho

com Julia Britton, Isabel de Castro, Luís Lucas, Luís Estrela, Ruy Furtado, Inês Medeiros, HENRIQUE VIANA

Portugal, 1988 - 95 min

Na sua terceira longa-metragem, João Botelho adaptou o romance homónimo de Charles Dickens, mas o mundo do escritor victoriano é facilmente identificado com a realidade portuguesa (“Tempos Difíceis, Este Tempo”). Num lugarejo, o “Poço do Mundo”, que é um microcosmo social, convivem a riqueza e a pobreza mais extrema, a cultura e a ignorância, a perversidade e a inocência. De Dickens a Botelho, o filtro é de D.W. Griffith, com um rosto feminino, Julia Britton, que parece saído de um dos melodramas do mestre americano.

Sala Luís de Pina

Sex. [14] 19:30

O SANGUE de Pedro Costa

com Pedro Hestnes, Inês de Medeiros, Luís Miguel Cintra, HENRIQUE VIANA

Portugal, 1990 - 98 min

A primeira obra de Pedro Costa é um perturbante filme sobre o drama de dois irmãos separados pela morte do pai. O mais velho vai para a cidade, onde se confronta com valores estranhos, e se deixa dominar pela angústia. Um filme marcado por ecos nocturnos e “fabulosos”, como o da viagem pelo rio dos dois irmãos de NIGHT OF THE HUNTER de Charles Laughton.

Sala Luís de Pina

Qui. [27] 19:30

IN MEMORIAM FILIPE FERRER

Filipe Ferrer morreu em Junho passado, dois meses antes de completar 71 anos de idade. Dedicou-se desde muito novo ao teatro, mas só a partir da década de 80, quando regressou a Portugal depois de temporadas no Brasil, em França e em Inglaterra, é que começou a trabalhar em cinema e televisão. Como Henrique Viana, trabalhou em obras de natureza muito diferente, e essa versatilidade fez dele um dos mais reconhecíveis rostos do cinema português, normalmente em papéis secundários. Vamos vê-lo como protagonista de MENSAGEM, num dos maiores desafios da sua carreira: encarnar Fernando Pessoa.

MENSAGEM de Luís Vidal Lopes

com FILIPE FERRER, Canto e Castro, Isabel de Castro, Manuel Cavaco

Portugal, 1988 -114 min

Luís Vidal Lopes concebeu MENSAGEM como uma “descodificação” do homónimo poema de Fernando Pessoa, fazendo o filme circular entre as evocações históricas suscitadas pelo poema e a figura do poeta. Foi realizado no ano do centenário do nascimento de Pessoa, e tem música de Wagner e canções dos Heróis do Mar. FILIPE FERRER, na pele de Pessoa, teve aqui um dos maiores desafios da sua carreira de actor.

Sala Luís de Pina

Qui. [13] 19:30

UNDER HITCHCOCK

em colaboração com o Festival Internacional de Curtas-Metragens de Vila do Conde

Esta sessão retoma parte do material apresentado na exposição UNDER HITCHCOCK, no Solar - Galeria de Arte Cinemática, em Vila do Conde, por ocasião do último Festival Internacional de Curtas-Metragens, realizado naquela cidade, no passado mês de Julho. Há muito tempo que o prestígio da obra de Hitchcock, mestre das formas cinematográficas, ultrapassou o domínio do puro cinema. Entre os cineastas do período clássico, ele é sem dúvida aquele que mais interessa os artistas plásticos e os videastas, que interrogam a sua obra e trabalham a partir dos seus elementos. Esta sessão apresenta oito destes trabalhos. 4 VERTIGO, SPHERICAL COORDINATES, NINE PIECE ROPE, 2 SPELLBOUND, 879 COLOUR e BODEGA BAY SCHOOL condensam e alteram cenas inteiras de filmes do mestre (em BODEGA BAY SCHOOL, por exemplo, temos o grande ataque dos pássaros em THE BIRDS reduzido aos cenários, sem pessoas, nem sons). WHEN ALFRED HITCHCOCK MET ELSE EIERMANN IN AUERSTED… especula sobre uma fotografia de 1956, que teria sido o ponto de partida de PSYCHO. Finalmente, o magnífico PHOENIX TAPES, encomendado pelo Museu de Arte Moderna de Oxford para a exposição “Notorious - Alfred Hitchcock and Contemporary Art”, percorre a obra de Hitchock através de seis capítulos e trechos de quarenta filmes, assinalando temas recorrentes, visuais e narrativos. É ao mesmo tempo um catálogo e um comentário, feito por dois profundos conhecedores da obra de Hitchcock.

WHEN HITCHCOCK MET ELSE EIERMANN IN AUERSTED… de Birgit Lehman

Alemanha, 1999 - 15 min / legendado electronicamente em português

4 VERTIGO de Les Leveque

Estados Unidos, 2000 - 9 min / sem legendas

SPHERICAL COORDINATES de Gregg Biermann

Estados Unidos, 2005 - 8 min / sem legendas

NINE PIECE ROPE de J. Tobias Anderson

Suécia, 2002 - 2 min / sem legendas

BODEGA BAY SCHOOL de J. Tobias Anderson

Suécia, 2004 - 5 min / sem legendas

2 SPELLBOUND de Les Leveque

Estados Unidos,1999 - 7 min / sem legendas

879 COLOUR de J. Tobias Anderson

Suécia, 2002 - 1 min / sem legendas

PHOENIX TAPES de Matthias Muller e Christoph Girardet

Alemanha, 1999 - 45 min / sem legendas

Duração total: 92 minutos

Sala Luís de Pina

Ter. [11] 19:30


CHAMA-ME UM TÁXI

Meio de transporte urbano por excelência, o táxi ocupa um lugar de destaque no cinema de qualquer país. Local de passagem, ou de transição de um espaço dramático para outro, está, muitas vezes, fortemente associado à própria intriga dramática. Com mais frequência como meio de perseguição, gerando, inclusive, um cliché bastante parodiado (o táxi que segue outro táxi, perante o entusiasmo do motorista, que se vê transformado em personagem da intriga, sem esquecer o táxi que surge “milagrosamente” da esquina a um assobio do herói!). Mas pode ser, inclusive, o próprio campo do drama, de crimes misteriosos (O TÁXI 9297, de Reinaldo Ferreira) ou de absurdos e sangrentos actos de violência (DINA E DJANGO, de Solveig Nordlund, e o trágico episódio do DEKALOG de Krzystof Kieslowski à volta do mandamento “Não Matarás”, que reflectem uma dramática realidade que encontramos com frequência nas páginas dos jornais).

Em colaboração com o Festival Internacional do Táxi, organizado pelo Institut pour la Ville en Mouvement, e que decorre em Lisboa neste mês de Setembro, a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema organiza um Ciclo que tem este meio de transporte como “actor principal”, reflexo da “cidade em movimento”, com uma série de filmes onde o táxi, ou quem nele trabalha, têm uma forte função na narrativa, surgindo ora como um autêntico microcosmo social, com o permanente desfile de passageiros, de que o exemplo mais sugestivo é o filme de abertura, o clássico de Martin Scorsese, TAXI DRIVER (que encontra um reflexo documental no trabalho da holandesa Heddy Holigman, METAAL EN MELANCHOLIE), ou como “palco” de comédia em duas divertidas comédias sentimentais, THEY MET IN A TAXI e PECCATO CHE SIA UNA CANAGLIA.

O Ciclo continuará no mês de Outubro. Mais táxis. O título da retrospectiva é extraído de uma réplica célebre de Stan Laurel (“O Estica”) a Oliver Hardy (“O Bucha”). Este, pressionadíssimo e em apuros, pede ao Estica, que nada percebe do que se está a passar: “Chama-me um Táxi”. Imperturbável, o Estica vira-se para ele e responde: “Tu és um Táxi”.

TAXI DRIVER

Taxi Driver de Martin Scorsese

com Robert de Niro, Cybill Shepherd, Jodie Foster, Harvey Keitel, Peter Boyle

Estados Unidos, 1976 - 110 min / legendado em espanhol

Um dos filmes fundamentais da década de 70, dirigido por Scorsese segundo um argumento de Paul Schrader. TAXI DRIVER é uma obra profundamente pessimista, sobre um ex-veterano do Vietname, marcado e traumatizado pelo drama que viveu e que percorre, de noite, em deambulações pela cidade, outro “inferno”: o submundo de Nova Iorque. O percurso de Travis (De Niro) culmina num massacre que se pretende redentor. Num dos momentos mais emblemáticos do filme, a personagem insiste em perguntar à sua imagem reflectida num espelho: “Are you talking to me?”.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Seg. [17] 21:30

MUJERES AL BORDE DE UN ATAQUE DE NERVIOS

Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos de Pedro Almodóvar

com Carmen Maura, Julieta Serrano, Maria Barranco, António Banderas, Fernando Guillén.

Espanha, 1988 - 88 min / sem legendas

Um dos filmes mais famosos de Almodóvar, nomeado para o Óscar de 1988, e que foi um êxito de bilheteira sem precedentes em Espanha, sucesso que se repetiu em todos os países onde foi exibido. História pitoresca e picaresca sobre traições e abandonos, reconciliações e histerias, à volta do sexo e do amor. Uma interpretação notável da (então) actriz-fétiche de Almodóvar: Carmen Maura.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Ter. [18] 19:00

THEY MET IN A TAXI

Encontraram-se num Táxi de Alfred E. Green

com Chester Morris, Fay Wray, Raymond Walburn, Lionel Stander

Estados Unidos, 1936 - 70 min / legendado electronicamente em português

Uma típica comédia sentimental americana, contando a história de uma rapariga em fuga, injustamente acusada de roubo, que encontra num motorista de táxi um aliado inesperado e, inevitavelmente, o romance.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Qua. [19] 19:00

DINA E DJANGO de Solveig Nordlund

com Maria Santiago, Luís Lucas, Manuela de Freitas, Sinde Filipe, João Perry

Portugal, 1981 - 76 min

A revolução de 1974 é o pano de fundo de DINA E DJANGO, em que os dois jovens heróis, dominados por frases de literatura de cordel, vivem uma paixão curta e fatal que deixa atrás de si o trágico rasto de um crime. Baseado num acontecimento verídico, DINA E DJANGO foi o único filme interpretado por Maria Santiago, muito devendo à força da sua presença.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Qui. [20] 19:00

O TÁXI Nº 9297 de Reinaldo Ferreira

com Alves da Costa, Maria Emília Castelo Branco, Alexandre Amores, Fernanda Alves da Costa

Portugal, 1927- 89 min / mudo, com intertítulos em português

Inspirado num caso real (o assassinato da actriz Maria Alves, que teve lugar num táxi), Reinaldo Ferreira, o mais inspirado e imaginativo repórter português dos anos 20 do século passado, constrói uma ficção em tom assumidamente de “serial”, cheia de golpes de teatro.

Sala Luís de Pina

Sex. [21] 22:00

PECCATO CHE SIA UNA CANAGLIA

Que Pena Seres Vigarista! de Alessandro Blasetti

com Sophia Loren, Marcello Mastroianni, Vittorio de Sica

Itália, 1954 - 100 min / legendado em português

O primeiro encontro de Sophia Loren com Marcello Mastroianni, e logo um dos mais irresistíveis, pois se tornou um dos grandes êxitos comerciais do cinema italiano, o que levou à reunião do par uma série de vezes. Aqui, Sophia é uma “vigarista” que actua em cumplicidade com De Sica. Um dia, os dois levam um taxista (Marcello) “à certa”. Mais tarde este encontra-os de novo e quer forçá-los a devolver o que roubaram. Mas, entretanto, apaixona-se pela capitosa vigarista.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Seg. [24] 19:00

METAAL EN MELANCHOLIE

“Metal & Melancolia” de Heddy Honigmann

Holanda, 1994 - 80 min / legendado electronicamente em português

Um documentário que tem por centro os motoristas de táxi da cidade de Lima (Peru). Uma pitoresca viagem e encontros com taxistas, novos e velhos, homens e mulheres, contando as histórias das suas vidas e discorrendo sobre os prazeres e perigos da sua profissão.

Sala Luís de Pina

Ter. [25] 19:30

AFTER HOURS

Nova Iorque Fora de Horas de Martin Scorsese

com Griffin Dune, Rosanna Arquette, Verna Bloom, Thomas Chong, Teri Garr

Estados Unidos, 1985 - 95 min / legendado em espanhol

Para Olivier Eyquem este filme de Scorsese é um “perturbante catálogo de nevroses urbanas”. Trata-se de uma viagem pela noite dentro, que transfigura toda a realidade em que vivia um técnico de informática. A “lógica” que servia de base ao seu mundo esfuma-se diante dos acontecimentos mais estranhos. Outro “détour” não tão radical, mas alucinante.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Qua. [26] 21:30

CLÉO DE 5 À 7 Duas Horas na Vida de uma Mulher

de Agnès Varda

com Corinne Marchand, Antoine Bourseiller, José Luis de Villalonga

França, 1962 - 85 min / legendado em português

Talvez a obra-prima de Varda e o mais “Nouvelle Vague” de todos seus filmes. Narrado em tempo real (o tempo da narrativa é o mesmo da duração do filme), o filme mostra- -nos uma mulher que pensa ter um cancro e espera pelos resultados das análises médicas que fez. Enquanto espera, encontra pessoas conhecidas e desconhecidas e atravessa a distância entre o obscurantismo e a lucidez sobre a sua própria identidade. E, como tantos filmes da Nouvelle Vague, CLÉO DE 5 À 7 também é um grande filme sobre Paris.

Sala Dr. Félix Ribeiro

Qui. [27] 19:00

KROTKI FILM O ZABIJANIU

“Breve Filme sobre o Acto de Matar” de Krzystof Kieslowski

com Miroslaw Baka, Krzystof Globisz, Jan Tesarz

Polónia, 1988 - 84 min / legendado electronicamente em português

Este “breve filme” é uma espécie de “emanação” do episódio de DEKALOG dedicado ao mandamento que diz “não matarás”. Versão alongada e remontada desse episódio, comete a proeza de manter uma secura e uma austeridade de onde estão ausentes os ornamentos e o decorativismo que muitos criticam ao Kieslowski da “trilogia das cores”. O filme segue o percurso de um jovem entre o assassínio que comete e a execução a que é condenado, assim devolvendo ao próprio espectador a interrogação: “não matarás?”

Sala Dr. Félix Ribeiro

Sex. [28] 19:00




OCTAGÉSIMO ANIVERSÁRIO DO ODEON

Em colaboração com o fórum Cidadania de Lisboa

Félix Ribeiro, no seu livro Os Mais Velhos Cinemas de Lisboa, dá-nos conta do acontecimento. Na tarde de 19 de Setembro de 1927, inaugurava-se na Rua dos Condes, mesmo em frente ao Olympia, uma nova sala de cinema em Lisboa, que tinha o nome de Odeon. Segundo o primeiro director da Cinemateca, o cinema estivera para se chamar Ibéria. À inauguração oficial sucedeu, dois dias depois, a 21, uma quarta-feira (que ficou, tradicionalmente, como o dia das estreias neste cinema ao longo da sua existência). Como refere Félix Ribeiro: “O filme de estreia, seleccionado para a circunstância, ajustava-se à importância do acontecimento – a VIÚVA ALEGRE, de Eric von Stroheim, com Mae Murray e John Gilbert nos protagonistas e que René Bohet, o excelente director da orquestra privativa, sublinhou musicalmente com a segurança e o brilho a que viria a habituar o público, não só ali como, mais tarde, à frente da orquestra do São Luís”. Pouco depois, o Odeon estrearia um dos maiores êxitos comerciais daquele tempo, A GRANDE PARADA de King Vidor. A partir de 1937, o Odeon começaria a ser explorado por Vicente Alcântara, que a ele juntaria o Palácio e o Royal a partir de 1949, e o cinema começaria a tornar-se uma sala de características populares, trazendo até nós os melodramas e musicais de língua latina. Por ali passaram sucessos como VIOLETAS IMPERIAIS, com Carmen Sevilla, AMA ROSA com Império Argentina e muitas das comédias portuguesas.

No dia em que a sala (hoje abandonada e em estado de acentuada degradação, a exigir intervenção urgente de poderes públicos ou privados) faz 80 anos de idade, a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, evoca a data com a exibição do filme que a inaugurou: THE MERRY WIDOW, de Eric von Stroheim.

THE MERRY WIDOW

A Viúva Alegre de Eric Von Stroheim

com John Gilbert, Mae Murray, Roy D’Arcy

Estados Unidos, 1925 - 113 min / mudo, com intertítulos em inglês traduzidos em português

THE MERRY WIDOW foi o filme que fez de John Gilbert uma estrela (logo a seguir viria THE BIG PARADE) e o sucessor e herdeiro de Rudolfo Valentino como galã romântico. THE MERRY WIDOW, que adapta a conhecida opereta que Lubitsch levaria também ao ecrã, foi também o último sucesso de Eric Von Stroheim, e também o último cuja produção pôde controlar. Um filme prodigioso povoado por todas as obsessões e fetiches do realizador.

Sala Félix Ribeiro

Sex. [21] 19:00


O QUE QUERO VER

UN CARNET DE BAL, JANE EYRE, UNION PACIFIC e COLORADO TERRITORY são os filmes que exibimos em Setembro na habitual rubrica “O Que Quero Ver”, em que damos eco de sugestões dos espectadores das nossas salas.

UN CARNET DE BAL

Um Carnet de Baile de Julien Duvivier

com Harry Baur, Marie Bell, Pierre Blanchar, Fernandel, Louis Jouvet

França, 1937 - 144 min / legendado electronicamente em português

Reflectindo sobre a sua vida, Christine, recém viúva, dá-se conta de que podia ter sido mais feliz caso tivesse casado com outra pessoa. Decide então visitar, um a um, os homens com quem, aos 16 anos, dançou num baile. UN CARNET DE BAL (melhor filme estrangeiro em Veneza em 1937) é um dos primeiros exemplos de filmes estruturados como uma sucessão de vinhetas. Foi retomado pelo próprio realizador que dele realizou um remake em Hollywood (LYDIA, 1941). Primeira exibição na Cinemateca.

Sala Luís de Pina

Ter. [04] 19:30

JANE EYRE

Jane Eyre de Robert Stevenson

com Orson Welles, Joan Fontaine, Margaret O’Brien

Estados Unidos, 1944 - 97 min / legendado electronicamente em português

A mais famosa adaptação ao cinema do romance de Charlotte Brontë, conta a história de uma jovem órfã que se torna governanta de um misterioso aristocrata do Yorkshire, interpretado por Orson Welles. A adaptação, bastante fiel, foi da responsabilidade de John Houseman e do escritor Aldous Huxley. Destaque ainda para a música de Bernard Herrmann.

Sala Luís de Pina

Seg. [17] 19:30

UNION PACIFIC

União de Aço de Cecil B. DeMille

com Barbara Stanwyck, Joel McCrea, Akim Tamiroff, Robert Preston, Lynn Overman

Estados Unidos, 1939 - 135 min / legendado electronicamente em português

A construção da primeira grande linha de caminho-de-ferro americana fora o motivo do filme de John Ford em 1924, IRON HORSE. DeMille retomou-o em UNION PACIFIC, no tom épico que aquele inspira, trabalhando elementos do género do western e focando a acção dramática no trio de personagens interpretadas por McCrea, Stanwyck e Preston, e na disputa entre os dois homens pela mesma mulher.

Sala Luís de Pina

Sex. [21] 19:30

COLORADO TERRITORY

Golpe de Misericórdia de Raoul Walsh

com Joel McCrea, Virginia Mayo, Dorothy Malone, Henry Hull

Estados Unidos, 1949 - 93 min / legendado em português

Um dos grandes westerns de Walsh, uma história trágica na linha de PURSUED, mas mais marcada pelo romantismo, que segue o percurso trágico da relação entre um fora da lei e uma rapariga mestiça. Nova versão de um outro clássico de Walsh, HIGH SIERRA, transfere o pano de fundo do filme negro para o western, e inclui um final alucinante que só tem paralelo, na obra de Walsh, noutra obra-prima do realizador feita nesse mesmo ano: WHITE HEAT.

Sala Luís de Pina

Qua. [26] 19:30






ABRIR OS COFRES

Em Setembro mostramos as duas versões de A ROSA DO ADRO do cinema português: a de Georges Pallu em 1919 e a de Chianca de Garcia em 1938, ambas com base no romance homónimo de Manuel Maria Rodrigues, popularíssimo no século XIX.

A ROSA DO ADRO de Georges Pallu

com Maria de Oliveira, Erico Braga, Carlos Santos, Etelvina Serra, Duarte Silva

Portugal, 1919 - 76 min / mudo, intertítulos em francês traduzidos electronicamente em português

A adaptação do romance de Manuel Maria Rodrigues por Pallu mantém o tom fatalista daquele e apresenta Maria de Oliveira no papel de Rosa, primeira das “actrizes efémeras” do cinema português, como a Cinemateca lembrou em 2003 numa retrospectiva a elas dedicada. Maria de Oliveira voltaria a trabalhar com Pallu entre 1919 e 1921 (O COMISSÁRIO DE POLÍCIA, BARBANEGRA e QUANDO O AMOR FALA), com Maurice Mariaud em AS PUPILAS DO SENHOR REITOR e com Augusto Lacerda em A TEMPESTADE DA VIDA (1923). A ROSA DO ADRO foi o segundo filme realizado por Pallu para a Invicta Films, depois de FREI BONIFÁCIO (1918) ter aberto esse capítulo.

Sala Luís de Pina

Ter. [04] 22:00

A ROSA DO ADRO de Chianca de Garcia

com Maria Lalande, Vital Santos, Oliveira Martins, Elsa Rumina

Portugal, 1938 - 81min

Ao contrário da versão de Pallu que transpõe a acção do romance que está na base do argumento para a época do filme, Chianca de Garcia ambienta a sua adaptação de A Rosa do Adro durante a guerra civil dos anos 30 do século XIX numa aldeia do litoral minhoto, como sucedia no romance. Maria Lalande interpreta o papel de Rosa, cujos amores balançam entre o miguelista Fernando e o liberal Miguel. A apresentar em cópia nova, resultado de uma preservação recente efectuada no laboratório do Arquivo da Cinemateca (ANIM-Arquivo Nacional das Imagens em Movimento).

Sala Luís de Pina

Qui. [27] 22:00

ANTE-ESTREIAS

LONGE DE MIM..., primeira longa-metragem de Peter Anton Zoettl, é o filme em ante-estreia em Setembro na Cinemateca. Produção independente da FullBlue Produções Audiovisuais, o filme de Zoettl apresenta-se como a primeira parte (“De Lá Para Cá”) de um projecto mais abrangente que tem a imigração como tema comum e está ligado à investigação em Antropologia Visual levada a cabo pelo realizador que neste momento se encontra a concluir um doutoramento na área (Zoettl tem formação em Antropologia e estudou Cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa).

LONGE DE MIM… de Peter Anton Zoettl

com Georgete Afonso, Edna Maria Afonso, Aydette Afonso

Portugal, 2007 - 77 min

Seguindo um caso de tentativa de emigração para Portugal, é entre São Tomé e Príncipe e Lisboa que a acção decorre, centrando-se na personagem de uma jovem São-Tomense que espera um visto para se reunir à família em Lisboa. Com esta se cruzam duas outras linhas de acção – uma acusação de desvio de 450.000 dólares pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros de S. Tomé e a prisão de uma cidadã brasileira por imigração legal que se encontra à espera de extradição. “Três histórias de vida que se parecem interligar numa pequena casa de madeira no bairro da Boa Morte, perto do centro da capital são-tomense. A sorte de um é o azar do outro, e nenhum dos protagonistas parece ser o dono do seu destino…”

Sala Dr. Félix Ribeiro

Ter. [25] 21:30

Em Setembro os dias começam a ficar mais curtos, as férias acabaram,

começam as aulas e… apetece mais ir ao cinema.

A Cinemateca Júnior vai reabrir dia 8 de Setembro.

A pedido do público júnior, que aos sábados quer ficar a dormir até mais tarde,

as sessões de cinema irão passar para as 15h00.

Este mês vamos ter o Charlot a trocar as voltas a Hitler,

as peripécias do Senhor Hulot com a vida moderna,

o romance entre uma dama e um vagabundo

e como um sapatinho muda a vida a uma gata borralheira.

O cinema voltou definitivamente aos Restauradores.

THE LADY AND THE TRAMP

A Dama e o Vagabundo de Clyde Geronimi, Wilfred Jackson, Hamilton Luske

Animação

Estados Unidos, 1955 - 75 min / dobrado em português

Adaptado de um conto infantil de Ward Greene, esta é a deliciosa história de Lady, uma cadela “spaniel”, requintada e amimada que encontra um cão vadio chamado “Tramp/Vagabundo”. Quando os donos de Lady vão de férias, a casa fica entregue a uma velhota dona de dois insuportáveis gatos siameses e a um perigoso intruso, uma ratazana. Será o “Vagabundo” que irá salvar Lady de apuros.

Salão Foz – Restauradores

Sáb. [08] 15:00

PLAYTIME

Playtime - Vida Moderna de Jacques Tati

com Jacques Tati, Barbara Dennek

França, 1967 - 123 min / legendado em português

Uma sátira à vida moderna e à mecanização, com o Sr. Hulot, alter ego de Tati, provocando o caos numa sofisticada zona residencial e durante a inauguração de um luxuoso restaurante. A mestria dos gags dos grandes mestres do burlesco alia-se a um requinte de pormenores dos gestos mais insignificantes do dia a dia. A banda sonora é um prodigioso emaranhado de sons e ruídos, que quase tornam supérflua a palavra.

Salão Foz – Restauradores

Sáb. [15] 15:00

THE GREAT DICTATOR

O Ditador de Charles Chaplin

com Charles Chaplin, Paulette Goddard, Jack Oakie, Reginald Gardiner, Henry Daniell, Billy Gilbert

Estados Unidos, 1940 - 124 min / legendado em português

Charlot entra em guerra contra o fanatismo e a intolerância, e aparece pela última vez no ecrã no papel de um barbeiro judeu que tem um sósia. Nem mais nem menos do que o ditador do país, Adenoid Hynkel (e a referência a Hitler não podia ser mais transparente). Um dia é confundido com ele e vai fazer um discurso às massas. Jack Oakie no papel de Napaloni (paródia a Mussolini) é um espectáculo.

Salão Foz – Restauradores

Sáb. [22] 15:00

CINDERELLA A Gata Borralheira

de Clyde Geronimi, Wilfred Jackson, Hamilton Luske

Animação

Estados Unidos, 1950 - 74 min / dobrado em português

Um dos melhores filmes de animação produzidos por Walt Disney. A partir do conto de Perrault sobre a “gata borralheira” que quer ir ao baile do príncipe e tem a oposição da “malvada” madrasta, a equipa Disney criou alguns dos seus bonecos mais admirados e divertidos, com destaque para os ratinhos amigos de Cinderella, e o gato Lúcifer, um dos melhores “vilões” do cinema de animação.

Salão Foz – Restauradores

Sáb. [29] 15:00