segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Documentários NGC


O National Geographic Channel apresenta no próximo domingo dia 24 em repetição às 13.40h, "Os Exploradores da National Geographic: O Mistério das Múmias Chinesas", logo de seguida às 14.30h, o documentário “Armadilha Mortal do Dinossauro".

O National Geographic Channel reabre um antigo caso de pessoas desaparecidas e tenta encontrar a origem de um grupo de múmias enigmáticas encontradas a oeste da China. Aquilo que vai ser investigado pode alterar o que sabemos a respeito do mundo. Os quatro indivíduos faziam parte de um mundo desaparecido que existiu na China Ocidental algures entre 2600 e 4000 anos atrás, muito antes de Marco Pólo ou da Rota da Seda. Todavia, estes corpos mumificados têm um aspecto europeu e estavam acompanhados de ferramentas que nessa altura ainda não existiam nessa região do mundo. Quem eram? De onde vinham? Como conseguiram influenciar a disseminação da cultura e da tecnologia na era pré-histórica? Spencer Wells, explorador da National Geographic, junta-se à investigação sobre as múmias encontradas na bacia do Tarim. Agora, graças aos últimos avanços nas tecnologias do ADN e à base de dados Genographic, começam a aparecer novas respostas que nos permitem conhecer melhor a história que une o Oriente e o Ocidente.

Acompanhamos a National Geographic numa viagem à zona ocidental da China, à bacia seca e desolada do Junggar, onde foram encontrados restos de uma nova espécie de dinossauros. Uma equipa de paleontólogos dirigida pelos doutores Clark, da George Washington University, e Xu Xing, da Academia das Ciências da China, desenterra as respostas que permitem solucionar um buraco negro virtual na evolução dos dinossauros.

Domingo, 24 de Fevereiro às 13.40h e 14.30h.

Estudos de Movimento

Correntes d' Escritas até à próxima!


Sessão Final das Correntes d' Escritas



Num misto de festa e saudade dos dias mágicos do Correntes d´Escritas, terminou, no Auditório Municipal a nona edição deste singular encontro de escritores de expressão ibérica.
A plateia do Auditório voltou a transbordar para a cerimónia de despedida e de entrega dos prémios literários desta edição.
Num ritual que já se tornou obrigatório, escritores, editores e convidados foram sendo chamados ao palco, pelo vereador do pelouro da Cultura, Luís Diamantino, para receberem uma aguarela que simboliza o agradecimento pela sua participação no encontro – para cada pessoa havia uma aguarela diferente, tendo unicamente um tema comum, a Póvoa de Varzim.


Ao palco subiu também Ruy Duarte de Carvalho, acolhido com um enorme aplauso, para receber o prémio Casino da Póvoa, que este ano distinguiu com 20 mil euros o seu livro Desmedida.

Ruy Duarte de Carvalho, que se deslocou de propósito à Póvoa para receber o prémio, já tinha participado numa das edições do Correntes d´Escritas. Nas poucas palavras que dirigiu ao público, agradeceu a distinção concedida e agradeceu também, voltando-se para a enorme roda de escritores atrás de si, no palco, “aos meus patrícios e compatriotas, que me ajudaram a chegar até aqui.”
O prémio juvenil Correntes d´Escritas/ Papelaria Locus foi entregue a Beatriz Soares, estudante do segundo ano de medicina e que foi distinguida entre mais de meia centena de trabalhos inéditos a concurso.

Na despedida desta nona edição, o vereador Luís Diamantino lembrou que está já em preparação o número 10 – dez anos de vida do encontro, que se hão-se comemorar em 2009 com a mesma magia, amizade e informalidade, o que talvez seja, segundo ele, o segredo do sucesso do Correntes d´Escritas.






Sonho e Linguagem em mais uma sessão de Correntes d'Escritas


Cada Homem é uma Língua




“Cada Homem é uma Língua” foi o tema que encerrou as mesas de debate desta 9ª edição do Correntes d’Escritas, que hoje terminou.


Nela participaram alguns dos grandes vultos da literatura de expressão ibérica. Foram eles Leonardo Padura, Mia Couto, Onésimo Teotónio de Almeida, Pepetela e Tabajara Ruas, num debate moderado por Maria João Seixas, que do tema disse ser “complexo, enigmático e estimulante”, comparando-o ainda à grandeza do mar “e contraditório nos termos”. Foram várias as abordagens feitas, tantas ou mais do que os escritores participantes, perante um público que mais uma vez encheu o
Auditório Municipal.
Três equívocos e uma sugestão resume a intervenção de Mia Couto, cuja recriação da língua é já sua imagem de marca por julgar que “é necessário inventar uma língua para reproduzir a natureza humana que quero mostrar”. Para o escritor moçambicano o primeiro equívoco passa por se achar que esta recriação linguística passa apenas pela literatura; o segundo de que é um processo linguístico; e o terceiro equívoco de que o “escritor tem à sua disposição uma língua já feita. Ambicionamos falar a língua dos sonhos e só ganhamos individualidade quando aprendemos a falar a língua de todos os homens, a língua dos sonhos”. E deixou uma sugestão: a recriação não tem a ver com o aspecto literário, tem a ver com ser feliz, com fazer da linguagem um brinquedo. “Não somos apenas usuários da língua, somos seus autores”, disse, acrescentando ainda que “precisamos de uma escola que nos liberte da dimensão funcional da palavra, para que sejamos inventores da língua e viajantes do sonho”.
“Pensei que este tema era perfeito, pois parecia-me que nele tudo cabe”, disse Pepetela, antes de listar os vários aspectos sobre os quais pode ser analisada a língua. Começou pela biologia, por descrever os vários tipos de língua que poderia ser; depois, pela questão do uso da língua portuguesa, tema já mais do que debatido, como acrescentou; pela questão da uniformização da língua, dando exemplo de gerações de escritores africanos que “torturam a língua portuguesa” para serem lidos. Mas nenhuma destas abordagens mereceu agradou a Pepetela, que preferiu analisar a questão imaginando a língua como vivência singular, que provoca uma sensibilidade própria. “Cada pessoa tem o seu percurso dentro do mesmo grupo”, explicou, “ e percursos díspares levam a respostas singulares”.

A análise técnica veio pela mão de Leonardo Padura. “Cada homem é a sua língua”, começou por dizer, analisando depois a evolução da literatura cubana e da língua literária cubana, que nasceu do emergir, a partir do século XX, da “consciência da necessidade de criar uma linguagem literária”, criada a partir da revitalização da linguagem popular. Passando para as personagens, o escritor cubano explicou que a linguagem por elas utilizada atribui-lhes características, permite saber de que estrato social é ou qual a sua maneira de pensar. E essa linguagem também se adapta às circunstâncias pois, como explicou, “a linguagem que uso aqui não é a mesma que uso na minha rua, entre amigos”, uma afirmação que justifica a sua não concordância com o tema, explicando que “um homem é muitas línguas e todas essas línguas são um homem”.
"Camões, / Seu nome retorcido como um búzio! / Nele sopra Netuno...".Assim começa um poema de Mário Quintana, que Tabajara Ruas considerou ter sido a sua epifania. Tinha pouco mais de 20 anos quando se deparou com os escritos do também autor brasileiro, aos quais não ficou indiferente, até porque, como explicou, “nem eu nem meus amigos percebíamos aquele idioma”. E foi uma homenagem a Mário Quintana que Tabajara Ruas apresentou ao público, sob forma de um texto sobre o escritor mal-amado, mal compreendido e esquecido, que em vez de ser entendido como provocador, era antes considerado antiquado.

Para quem já conhece o Correntes d’Escritas, já conhece também Onésimo Teotónio de Almeida, e já sabe que nas suas intervenções nunca faltam as histórias e as anedotas. Por isso, foram muitas as gargalhadas que eclodiram no Auditório. O sotaque foi o aspecto escolhido pelo escritor para debater o tema. Como explicou, “cada um de nós fala o nosso dialecto, com o nosso timbre”, continuando dizendo que “a língua não é de ninguém, cada um fala a sua língua”, que em grade medida depende da localização geográfica das pessoas. “A língua é bonita porque é nossa, quer a que aprendemos em casa, quer a que aprendemos na Pátria”, concluiu.
Terminou assim um ciclo de nove mesas de debate que proporcionou momentos de grande beleza a quem assistiu. Discutiu-se música, poesia, a volúpia e a perversidade na escrita, a realidade e a literatura. Para o ano há mais, mas pode sempre revisitar o Correntes d’Escritas 2008 no portal municipal.


Câmara Municipal da Póvoa de Varzim
4490-438 Póvoa de Varzim
Telefone: 252.090.026
Fax: 252.611.882
Email: grpc@cm-pvarzim.pt

“Cada Homem é uma Língua” foi o tema que encerrou as mesas de debate desta 9ª edição do Correntes d’Escritas, que hoje terminou.
Nela participaram alguns dos grandes vultos da literatura de expressão ibérica. Foram eles Leonardo Padura, Mia Couto, Onésimo Teotónio de Almeida, Pepetela e Tabajara Ruas, num debate moderado por Maria João Seixas, que do tema disse ser “complexo, enigmático e estimulante”, comparando-o ainda à grandeza do mar “e contraditório nos termos”. Foram várias as abordagens feitas, tantas ou mais do que os escritores participantes, perante um público que mais uma vez encheu o
Auditório Municipal.
Três equívocos e uma sugestão resume a intervenção de Mia Couto, cuja recriação da língua é já sua imagem de marca por julgar que “é necessário inventar uma língua para reproduzir a natureza humana que quero mostrar”. Para o escritor moçambicano o primeiro equívoco passa por se achar que esta recriação linguística passa apenas pela literatura; o segundo de que é um processo linguístico; e o terceiro equívoco de que o “escritor tem à sua disposição uma língua já feita. Ambicionamos falar a língua dos sonhos e só ganhamos individualidade quando aprendemos a falar a língua de todos os homens, a língua dos sonhos”. E deixou uma sugestão: a recriação não tem a ver com o aspecto literário, tem a ver com ser feliz, com fazer da linguagem um brinquedo. “Não somos apenas usuários da língua, somos seus autores”, disse, acrescentando ainda que “precisamos de uma escola que nos liberte da dimensão funcional da palavra, para que sejamos inventores da língua e viajantes do sonho”.
“Pensei que este tema era perfeito, pois parecia-me que nele tudo cabe”, disse Pepetela, antes de listar os vários aspectos sobre os quais pode ser analisada a língua. Começou pela biologia, por descrever os vários tipos de língua que poderia ser; depois, pela questão do uso da língua portuguesa, tema já mais do que debatido, como acrescentou; pela questão da uniformização da língua, dando exemplo de gerações de escritores africanos que “torturam a língua portuguesa” para serem lidos. Mas nenhuma destas abordagens mereceu agradou a Pepetela, que preferiu analisar a questão imaginando a língua como vivência singular, que provoca uma sensibilidade própria. “Cada pessoa tem o seu percurso dentro do mesmo grupo”, explicou, “ e percursos díspares levam a respostas singulares”.

A análise técnica veio pela mão de Leonardo Padura. “Cada homem é a sua língua”, começou por dizer, analisando depois a evolução da literatura cubana e da língua literária cubana, que nasceu do emergir, a partir do século XX, da “consciência da necessidade de criar uma linguagem literária”, criada a partir da revitalização da linguagem popular. Passando para as personagens, o escritor cubano explicou que a linguagem por elas utilizada atribui-lhes características, permite saber de que estrato social é ou qual a sua maneira de pensar. E essa linguagem também se adapta às circunstâncias pois, como explicou, “a linguagem que uso aqui não é a mesma que uso na minha rua, entre amigos”, uma afirmação que justifica a sua não concordância com o tema, explicando que “um homem é muitas línguas e todas essas línguas são um homem”.
"Camões, / Seu nome retorcido como um búzio! / Nele sopra Netuno...".Assim começa um poema de Mário Quintana, que Tabajara Ruas considerou ter sido a sua epifania. Tinha pouco mais de 20 anos quando se deparou com os escritos do também autor brasileiro, aos quais não ficou indiferente, até porque, como explicou, “nem eu nem meus amigos percebíamos aquele idioma”. E foi uma homenagem a Mário Quintana que Tabajara Ruas apresentou ao público, sob forma de um texto sobre o escritor mal-amado, mal compreendido e esquecido, que em vez de ser entendido como provocador, era antes considerado antiquado.

Para quem já conhece o Correntes d’Escritas, já conhece também Onésimo Teotónio de Almeida, e já sabe que nas suas intervenções nunca faltam as histórias e as anedotas. Por isso, foram muitas as gargalhadas que eclodiram no Auditório. O sotaque foi o aspecto escolhido pelo escritor para debater o tema. Como explicou, “cada um de nós fala o nosso dialecto, com o nosso timbre”, continuando dizendo que “a língua não é de ninguém, cada um fala a sua língua”, que em grade medida depende da localização geográfica das pessoas. “A língua é bonita porque é nossa, quer a que aprendemos em casa, quer a que aprendemos na Pátria”, concluiu.
Terminou assim um ciclo de nove mesas de debate que proporcionou momentos de grande beleza a quem assistiu. Discutiu-se música, poesia, a volúpia e a perversidade na escrita, a realidade e a literatura. Para o ano há mais, mas pode sempre revisitar o Correntes d’Escritas 2008 no portal municipal.


Câmara Municipal da Póvoa de Varzim
4490-438 Póvoa de Varzim
Telefone: 252.090.026
Fax: 252.611.882
Email: grpc@cm-pvarzim.pt








Alunos de Vila do Conde à conversa com escritores



Onésimo Teotónio de Almeida e Ondjaki à conversa com alunos de Vila do Conde

na Biblioteca Municipal.


Completamente rendidos ao bom humor dos dois escritores, os jovens de dezasseis anos não pararam de rir durante quase duas horas. Ambos com o dom de encantar plateias, Ondjaki e Onésimo foram apresentando-se através de histórias hilariantes que prenderam a atenção dos jovens do início ao fim deste encontro.
Muitas histórias do dia-a-dia em Angola e dos tios de Ondjaki, a tia Fernanda, o tio Chico e o tio Vítor, foram servindo para os alunos descobrirem o autor que não se considera um escritor.”Ainda hoje não sei se sou escritor, mas depois de ter publicado já não consigo fugir a essa designação”, comentou. Licenciado em Sociologia, o autor confessou que, apesar de ter tido sempre boas notas, nunca gostou do curso e não sabe porque o concluiu. Acerca do seu encontro com jovens estudantes, Ondjaki explicou que é uma troca de ensinamentos e conhecimentos. Depois de ter estado, esta manhã, à conversa com crianças de sete anos, o escritor “soube quem eram os D’ZRT”. Perante o riso da plateia, Onésimo interveio: “São jogadores de futebol?”.


Onésimo Teotónio de Almeida vive nos EUA, onde é professor. Disse que “tenho idade para ser vosso avô e pai do Ondjaki, mas venho aqui para aprender convosco”.

Onésimo concorda com Ondjaki: “não penso em mim como um escritor. Não gosto de estar fechado entre paredes a escrever. Prefiro conviver com as pessoas”.


Finalmente, o escritor deixou um conselho aos jovens vilacondenses: “leiam!



Alunos de Vila do Conde com escritores à conversa

Onésimo Teotónio de Almeida e Ondjaki estiveram hoje à tarde à conversa com alunos de Vila do Conde na Biblioteca Municipal.

Completamente rendidos ao bom humor dos dois escritores, os jovens de dezasseis anos não pararam de rir durante quase duas horas. Ambos com o dom de encantar plateias, Ondjaki e Onésimo foram apresentando-se através de histórias hilariantes que prenderam a atenção dos jovens do início ao fim deste encontro.
Muitas histórias do dia-a-dia em Angola e dos tios de Ondjaki, a tia Fernanda, o tio Chico e o tio Vítor, foram servindo para os alunos descobrirem o autor que não se considera um escritor.”Ainda hoje não sei se sou escritor, mas depois de ter publicado já não consigo fugir a essa designação”, comentou. Licenciado em Sociologia, o autor confessou que, apesar de ter tido sempre boas notas, nunca gostou do curso e não sabe porque o concluiu. Acerca do seu encontro com jovens estudantes, Ondjaki explicou que é uma troca de ensinamentos e conhecimentos. Depois de ter estado, esta manhã, à conversa com crianças de sete anos, o escritor “soube quem eram os D’ZRT”. Perante o riso da plateia, Onésimo interveio: “São jogadores de futebol?”.
Onésimo Teotónio de Almeida vive nos EUA, onde é professor. Disse que “tenho idade para ser vosso avô e pai do Ondjaki, mas venho aqui para aprender convosco”. Onésimo concorda com Ondjaki: “não penso em mim como um escritor. Não gosto de estar fechado entre paredes a escrever. Prefiro conviver com as pessoas”.
Finalmente, o escritor deixou um conselho aos jovens vilacondenses: “leiam!

Outros escritores nas Correntes d'Escritas


Três escritores - três realidades diferentes


O bom humor de Francisco José Viegas, o orgulho da nacionalidade angolana de Pepetela e a literatura castelhana do jovem escritor Ignacio del Valle preencheram a manhã dos alunos da Escola Secundária Rocha Peixoto que tiveram oportunidade de conhecer melhor estes escritores, dispostos a satisfazer as curiosidades dos jovens.


Questionado sobre a utilização do pseudónimo de Pepetela, Artur Pestana elucidou os presentes de que se trata de um nome de origem quimbundo, complexo dialectal falado em Angola que significa ‘pestana’.

O autor angolano referiu que nas suas obras é muito recorrente a história do seu país, meio para dar a conhecer a realidade vivida em Angola e reforçar a sua identidade, motivos que justificam também a utilização de símbolos representativos das diferentes culturas angolanas. Sobre o seu último livro, subordinado ao tema do terrorismo, Pepetela revelou que se tratava de um livro que escreveu sem intenção de publicar. “Estava em São Francisco para participar numa conferência e senti necessidade de escrever para mim” afirmou o escritor angolano confessando que na altura em que escreveu, guardou o seu texto convicto que não seria para publicar. No entanto,
Terrorista de Berkeley, como se veio a intitular a obra foi, em 2007, editado pela Dom Quixote. A este propósito, Pepetela confessou que “escrever só para mim é outra liberdade, outro prazer. A partir da altura em que se começa a publicar, a preocupação com o que se escreve centra-se, essencialmente, no leitor”. Ignacio del Valle também considera que ninguém escreve para si mesmo e o momento mágico para o autor acontece quando o leitor se emociona com aquilo que lê. Francisco José Viegas partilhou que “escrevo por prazer meu e por necessidade. É preciso ganhar a vida. A dimensão do prazer é muito exagerada, o prazer é algo muito mais intenso e forte”. O escritor e jornalista disse que nos últimos anos tem publicado, essencialmente, romances policiais porque “é um género que permite fazer patifarias e experimentar um lado de irresponsabilidade que eu gosto de vez em quando”. Com a poesia, o escritor versátil e multifacetado, assumiu que tem uma relação marginal, o género poético faz parte de outra coisa, “respira outra linguagem”, afirmou.



FESTIVAL “SEIA JAZZ & BLUES” NA CASA DA CULTURA DE SEIA

FESTIVAL “SEIA JAZZ & BLUES”
Festival Internacional de Jazz e Blues
4ª edição
CASA DA CULTURA DE SEIA
22 de Fevereiro a 01 de Março



O programa contempla quatro concertos, um no dia 22 de Fevereiro (sexta-feira) com Minnemann Blues Band; outro no dia 23 (sábado), com Down Home; outro no dia 29 de Fevereiro (sexta-feira), com o Sexteto Mário Barreiros e a encerrar, dia 1 de Março (sábado), com Toni Solá Quartet c/ Harry Allen.
O programa inclui a realização de dois Workshop’s: “Os Blues” por Wolfram Minnemann no Centro Musical de Seia, dia 23, pelas 15 horas e “A Bateria” por Mário Barreiros, no Conservatório de Música de Seia, dia 1 de Março às 15 horas.
Durante o Festival haverá uma pequena Feira de livros, CD’s e DVD’s no Foyer do Cine-Teatro da Casa Municipal da Cultura.

Preçário
Para os dois primeiros concertos de Blues o bilhete normal é de 3 euros e com descontos (Cartão Municipal da Juventude e / ou Idoso) – 1,5 Euros.
Para os concertos de Jazz o bilhete normal é de 7 euros e com descontos – 3,5 euros. A organização colocou à venda um pack que dá acesso aos quatro concertos, no valor de 15 €.

Informações
Casa Municipal da Cultura de Seia
Av. Luís Vaz de Camões
6270 – 484 – SEIA
Telf.: 238 310 251 / 238 310 230 Fax: 238 310 236 Telemóvel: 964862521
site: www.casadaculturadeseia.com
Bilheteira do Cinema: Telf. 238 310 249
Horário da bilheteira
Segunda a sexta-feira das 14 horas às 17h30
Sextas e sábados das 20h30 às 23 horas
Domingos das 14h30 às 17h30 e das 20h30 às 23 horas

6ª Edição Portalegre JazzFest

Portalegre JazzFest
21 a 23 de Fevereiro
Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre



A 6ª edição do Portalegre JazzFest começa já no próximo dia 21 com a actuação de Júlio Resende
Júlio Resende “Da Alma”
Grande Auditório às 21:30
Júlio Resende piano
Zé Pedro Coelho saxofone tenor
João Custódio contrabaixo
João Rijo bateria

Júlio Resende nasceu em Faro e começou a tocar piano aos quatro anos de idade. Mais tarde, inicia os seus estudos no Conservatório Maria Campina, com a professora de piano Oxanna Anikeeva e o professor de formação musical, Paulo Cunha. Não nasceu para intérprete clássico, pois não consegue tocar uma peça sem ter vontade de improvisar. Assim, iniciou os seus estudos de jazz em 2000 com o contrabaixista e pedagogo Zé Eduardo.

Posteriormente, fez parte do Ensemble do Hot Clube que tem o intuito de representar a Escola do Hot Clube em eventos culturais. Pelo Hot Clube também ganhou o prémio para “Melhor Combo” no âmbito do concurso inter-escolas realizado na Festa do Jazz do Teatro S.Luís em 2005.

Participou em vários workshops internacionais, nos quais trabalhou com professores de prestigiadas Universidades de Jazz dos E.U.A., como a “New School for Jazz and Contemporary Music” e a “Berklee College of Music”: Aaron Goldberg, Gary Versage, Greg Tardy, Matt Penman, Frank Tiberi, Mark Ferber, Jonathan Kreisberg, Omer Avital, entre outros.

Entre os músicos com quem já tocou conta-se Pedro Moreira, Bernardo Moreira, Alexandre Frazão, Nuno Ferreira, Matt Lester, Hugo Alves, Bruno Pedroso, Maria Viana, entre outros.

Recentemente formou o Júlio Resende 4teto, com o intuito de trabalhar composições originais suas, e com o qual tem actuado em Auditórios e clubes de Jazz por todo o país. O primeiro disco do seu quarteto, “Da Alma”, saíu no final de 2007 através da editora Clean Feed.
Ponto de escuta

http://www.julioresende.com/
www.myspace.com/julioresende
Preçario
Preço único 10 euros
Livre-Trânsito 20 euros
Informações
CAE Portalegre
Telef.:245 307 498 Fax.:245 307 544

Denisa canta, hoje, no Portugal no Coração

A pouco mais de quinze dias da sua participação no Festival da Canção, Denisa Silva vai, hoje, ao Portugal no Coração interpretar três músicas.
Denisa Mara Silva tem 28 e é natural do Porto Santo, Madeira.

Participou no mais recente "caça talentos musicais", o Operação Triunfo, tendo ficado em 5º lugar.
A” menina do mar” de Porto Santo é uma mulher cheia de força, muito faladora, faz tudo com muita intensidade.

Viveu quase sempre na ilha do Porto Santo.

Já adulta estudou um ano na zona do Porto e não gostou, voltou ás suas ilhas, para terminar o curso de educadora de infância.

Foi professora de expressão dramática e musical do 1º ciclo por 3 anos, no Funchal.

Adora crianças, mas gosta ainda mais de cantar e por isso resolveu dedicar-se 100% à música.

Sendo filha única tem uma relação muito forte com o pai.
A Denisa tatua aquilo que considera importante no corpo, a sua estrela da sorte, a palavra amizade em caracteres chineses, um trevo com o número 7, o seu número da sorte.

Sempre fez desporto, primeiro, patinagem e depois hóquei...ao longo da vida partiu as duas pernas...mas foi o desporto que a fez viajar por todo o país e alargar os seus horizontes.

Emissão em directo na RTP1 e RTP Internacional, hoje pelas 15h.

Poesia em debate nas Correntes d'Escritas


Poesia: a bem dita e a mal dita


Moderada por Luís Machado, com a participação de Filipa leal, Janet Nuñez, Jorge Sousa Braga e Teresa Rita Lopes, a mesa “Poesia: a bem dita e a mal dita” prestava-se a levar os participantes por vários caminhos.

Desde logo, e para quem ouve, as diferentes interpretações do bem dita, ou bendita, mal dita, ou maldita. Interpretações essas que remetem para o aspecto sonoro da poesia, para a importância da forma como ela é dita e assim transmitida a quem a escuta, em vez de a ler. Portanto, se escrever poesia não é fácil, dizê-la é, para muitos, também uma tarefa difícil, podendo mesmo interferir na forma como ela é recebida e apreciada por quem a ouve, e foi por aqui que partiu a abordagem do tema em debate.
Habituada a ler em público poesia, Filipa Leal analisou a importância da interpretação, afirmando que a poesia oferece essa possibilidade sonora de entender o mundo e que se “poesia rima com melodia, essa melodia precisa de ser dita”. E, a este propósito, citou Torga e esse poema em que ele diz:
“Não tenhas medo, ouve:
É um poemaUm misto de oração e de feitiço...Sem qualquer compromisso, Ouve-o atentamente,De coração lavado”
Quando soube do tema da mesa em que ia participar, Janet Nuñez confessa que foi remetida para as suas memórias de infância, quando, na escola, era obrigada a decorar poesia para recitar no final do ano lectivo ou em dias festivos, como o dia da Mãe. E, recorrendo às palavras de Garcia Lorca, na sua Teoria y Juego del duende, aqueles poemas “aborreciam-nos tanto que estiveram a ponto de se converter em pimenta de irritação”. Depois, segundo a poetisa colombiana, o tema remeteu-a também para os poetas malditos, como Mallarmé, Rimbaud ou Verlaine, e para os benditos, que, na história da Literatura, estão catalogados como poetas místicos.
Mas foi a importância do ritmo e do som que Janet sublinhou porque, para ela, “a poesia bem escrita não tem a ver com a ortografia, nem com a escolha de palavras rebuscadas, nem tão pouco com o uso adequado da gramática ou com o uso da rima, mas sim com o ritmo, o tom, uma cadência adequada e um selo pessoal, que é a visão do poeta, o reflexo do seu mundo e das suas circunstâncias.”

Para Jorge Sousa Braga, a poesia começou por ser oral e, ao longo dos tempos, nunca deixou de ser lida e cantada, tendo a voz humana permanecido como o fio condutor mais perfeito da poesia. Remetendo para a actualidade e para as novas tecnologias, Sousa Braga referiu a existência de páginas na Internet em que é possível ouvir interpretações de poesia, mas, para ele, há algo no poema que só a voz de quem o escreve pode transmitir, independentemente de ser bem ou mal dito.

Para concluir afirmou que “Um poema bem dito é o que nos entra directamente no coração”. E nós, que só o ouvimos, podemos atrever-nos a perguntar: bem dito ou bendito?
Servindo-se da sua experiência como professora primária, Teresa Rita Lopes lembra como há alguns anos não havia criança que não soubesse um ou mais poemas de cor. E essa memorização era incitada nas escolas e nas famílias, quando era hábito chamá-las para declamarem o que sabiam de cor.

Memorizar poemas, dizê-los, aprender a apreciar a sua sonoridade é, para Teresa Rita Lopes, fundamental porque a poesia também tem uma tradição oral, porque a palavra aspira a ter um corpo de sonoridades, a ser dita e a ter ritmo. E, se tal se aplica à poesia, poderá também aplicar-se à prosa.
Lembrando que, saber de cor é saber com o coração e incorporar o que se sabe, Teresa Rita Lopes, recordou António Aleixo e a forma como tanta gente sabe, ainda hoje, de memória, algumas quadras de um poeta que, afinal, quase não sabia escrever.

Essa proximidade que a poesia pode ter com quem a lê, memoriza, declama, com os mais jovens que actualmente se esquecem que, as letras das canções que sabem de cor são afinal, também elas, poesia.

Mia Couto com alunos da Póvoa do varzim


Mia Couto conta e encanta


Mia Couto iniciou a sua conversa com os alunos da Escola Secundária Eça de Queirós, esta manhã, dando um conselho: “conservem sempre o vosso lado de crianças e a capacidade de se encantarem com uma boa história. Eu sou uma pessoa feliz porque tenho a capacidade de transformar a minha vida em pequenas histórias”.

O escritor moçambicano encantou os jovens estudantes com “o seu charme”, como os próprios confidenciaram, contando histórias do seu percurso e da sua terra.
Quanto à sua outra actividade, a biologia, Mia Couto brincou afirmando que “sou muito mau biólogo. Não confiem em mim. A biologia atrai-me, não pelas respostas exactas, mas pelas dúvidas que suscita e, a escrita, tem essa mesma inquietação da procura por soluções”.

Depois de publicar um livro, o escritor conta que “nem sequer me lembro das personagens”. Depois de viver dois ou três anos cada personagem, o tempo para escrever uma obra, Mia Couto necessita de se desligar das pessoas que o acompanharam durante esse período. O escritor explicou que “quando crio uma mulher, não basta pensar como uma mulher. Tenho que ser uma mulher. E já fui muitas mulheres na minha vida”.


André Sant’Anna também esteve presente nesta conversa com os alunos. O escritor contou que o seu pai era escritor e a sua mãe música. Como “o meu pai ficava muitas horas fechado no quarto a escrever, a sofrer com as suas personagens, e a minha mãe a divertir-se com a sua música, eu nunca quis nada com a literatura e sempre quis ser músico”. Brasileiro, André Sant’Anna brincou que “aproveito estes momentos para dizer mal do Brasil. Muitas pessoas têm a ideia de que o meu país é apenas pobre financeiramente, mas o Brasil está empobrecido culturalmente. Somos quase obrigados a ter relações sexuais e perde-se a noção do que é o amor e a amizade verdadeira e é isto que os meus livros retratam”.

Pedro Teixeira Neves, o terceiro escritor e o único português, presente nesta conversa, explicou que “escrever para mim é uma inevitabilidade”, mas “só na faculdade é que comecei a escrever. Até aí só me interessei por futebol e por música”.





Os mais pequenos em Correntes d'Escritas


Conta-me um Conto


Foi uma das novidades nesta nona edição do Correntes d’Escritas, que no seu programa de actividades paralelas inclui uma mesa destinada a alunos do 4º ano do 1º ciclo de Ensino Básico da Póvoa de Varzim.


Sob o tema “Conta-me um conto”, Cristina Norton, Ondjaki, Rui Grácio e Vergílio Alberto Vieira reuniram-se esta manhã no Diana Bar perante uma plateia de 125 alunos das EB 1 nº 2 dos Sininhos, nº 3 do Desterro, nº 1 de Refojos – Aver-o-Mar e nº 1 Praça – Rates.


Rui Grácio fez uma pequena apresentação baseada no texto da sua nova obra Olá, eu sou um Livro, e que será apresentado hoje, às 17h00, na Casa da Juventude.

Com ela, as crianças partiram à descoberta do livro, através da personagem Emília, que depois de conhecer um livro esquecido numa estante entre muitos outros, o decidiu levar para casa. Uma lição para os mais novos que o ouviam atentamente, e a quem Rui Grácio explicou ainda a importância da sensibilidade não só para a leitura, mas também para a vida.


Também Cristina Norton aproveitou uma das suas obras infanto-juvenis para falar com os alunos. Um Barco de Chocolate foi o ponto de partida para a visita de muitos contos que a autora escreveu, transportando os alunos para um mundo de magia, sempre presente na literatura infantil. De nacionalidade argentina, a viver em Portugal há vários anos, mas com raízes um pouco por todo o mundo, Cristina Norton explicou que Um Barco de Chocolate é mais do que o nome do livro, é uma recordação da sua infância, pois seu pai dizia que um dia iriam viajar para a Europa num barco de chocolate.


O riso e as gargalhadas chegaram com a intervenção de Ondjaki, que questionou os alunos sobre qual era o conto mais curto do mundo. “O conto mais curto do mundo é este: Era uma vez… e acabou”, desvendou, explicando depois que neste conto há espaço para muito mais, pois podemos acrescentar elementos à história, saber o que aconteceu e como acabou. Foi este o ponto de partida para os alunos construírem os seus próprios contos, partindo apenas de uma palavra. De conto mais curto do mundo, a estória ganhou conteúdo, imaginação, através da interacção com os alunos. “Escrever um conto é aumentar o que vimos, o que ouvimos e o que sonhamos”, concluiu.

Da mala de Vergílio Alberto Viera saltou um sol e na mesa nasceu uma flor para acompanhar a leitura de um conto sobre a Abelha Giroflé. O conto foi desvendado em primeira mão para os alunos presentes, pois faz parte de um livro que ainda não foi lançado e que Ondjaki irá ilustrar.
Seguiram-se as perguntas por parte dos alunos, que perderam a timidez e até poemas declamaram. Assim, ficaram a saber que Ondjaki gostou muito de escrever Ynari, a menina das 5 tranças (livro que todas as crianças conheciam) e que o seu nome verdadeiro não é Ondjaki, antes outro que é segredo indesvendável. Souberam também que Rui Grácio começou a escrever em 1993, que Cristina Norton escreve contos infantis porque, já depois de os filhos crescidos, sentiu necessidade de escrever para outras crianças e que Vergílio Alberto Vieira deve a seus pais a sua dedicação à escrita, pois incentivaram-no à leitura quando ainda era muito novo.
Terminadas as perguntas, foram muitas as crianças que, de livros na mão, esperaram pelos autógrafos dos escritores.





Filme brasileiro na Póvoa do Varzim


Netto e o Domador de Cavalos



Em “Neto e o Domador de Cavalos”, Tabajara Ruas retoma a história do herói brasileiro do século XIX, António de Souza Netto, que esteve na origem do livro “Netto perde a sua Alma”, escrito por Tabajara e adaptado por ele mesmo para o cinema, em 2001.


Depois de “Netto perde a sua Alma”, explica o escritor, “a personagem ficou tão grande que tive que fazer este segundo filme, ‘Netto e o Domador de Cavalos’ e estou já a trabalhar num terceiro, porque gostaria de fazer uma trilogia em torno dele, e que já tem título, será ‘Netto nos Braços da Moura’”.

Na Póvoa para participar na nona edição do Correntes d´Escritas, Tabajara Ruas fala com orgulho do segundo filme da saga de Netto que, como explica, não se baseia, desta vez, num livro, resultando antes de um guião especificamente escrito para o cinema.

E neste “Netto e o Domador de Cavalos”, o autor explora um lado totalmente ficcional da vida do herói farroupilha. Como revela Tabajara Ruas, a história une dois personagens de mundos diferentes: “o real, que é Netto, e o Negrinho do Pastoreio, personagem da mais popular lenda do Rio Grande do Sul”. Nesta história explora-se, pois, o lado ficcional e a mistura entre a realidade e a lenda, uma tendência que se há-de repetir no terceiro filme, do qual Tabajara Ruas não quer ainda revelar muito mais.


“Netto e o Domador de Cavalos” retoma, pois, o herói farroupilha, o general António de Souza Netto, que participou em todas as guerras de fronteira no sul do Brasil, no século passado. Um republicano, segundo Tabajara, contra a escravatura e o império numa época em que o Brasil era ainda o único império esclavagista na América do Sul de 1835.
O romance “Netto perde a sua alma” deu origem a um filme que ganhou quatro kikitos, no Festival de Cinema de Gramado 2001, o maior festival de cinema do Brasil e América Latina e o filme que agora passou na Póvoa é a sua continuação.
Antônio de Souza Netto, general brasileiro, descendente de emigrantes açorianos, é ferido durante a Guerra do Paraguai (1861-1866) e recolhido ao Hospital Militar de Corrientes, na Argentina, onde viria a falecer.
Apesar de tantas batalhas, o guerreiro, com porte de herói galante, encontrou tempo para casar, ter duas filhas e cuidar de sua estância em Piedra Sola, distrito de Tacuarembó, no Uruguai.




Correntes d'Escritas não param na Póvoa do Varzim







“Escrever é um Gesto Perverso”



Literatura e perversão – ligação possível ou impossível? Foi este o desafio para a 4ª mesa de debate do Correntes d’Escritas, que teve como tema “Escrever é um Gesto Perverso”.


Com moderação de Carlos Quiroga, a mesa ficou marcada pelo espanto e estranheza que tal tema colocou e que obrigou a alguma pesquisa por parte de todos os participantes, a saber Adolfo García Ortega, André Sant’Anna, Eugenia Almeida, José Norton e Mário Pinheiro.


Num primeiro momento esta ligação entre literatura e perversão parecia impossível para García Ortega, pois, na sua opinião, a literatura é algo de transparente e a perversão algo de obscuro. Uma segunda análise, já a nível etimológico, permitiu ao escritor espanhol chegar a uma outra conclusão: por definição no dicionário, perverso significa algo de mau e viciante e também diz respeito a algo que é alterado negativamente. Ora, se escrever é viciante e ler implica a alteração da conduta, então Escrever é um Gesto Perverso.
Também Eugenia Almeida investigou a palavra perverso. Primeiro através do dicionário, depois na literatura ligada à psicanálise (onde tudo é perverso e “e as palavras nunca significam o mesmo que para o resto dos mortais”, disse) e finalmente, junto de um amigo especialista em etimologia. Foi ele que lhe deu, como definição de perverso, “tomar algo e dar a volta”, algo que, de facto, acontece na literatura, “um mundo de possibilidades, onde posso corrigir, inventar palavras, voltar atrás.”
Tal conclusão teve a concordância de José Norton, cuja experiência literária passa, em grande medida, pela elaboração de biografias, trabalho que pede um grande esforço de investigação. E é neste trabalho que José Norton vê perversidade, ao dar a volta “a ideias feitas que tenho encontrado em biografias que eu, através da minha investigação, concluo que não foi bem assim. Passo a ideia real, dou a volta às coisas”.
Na mesa participou ainda André Sant’Anna, cuja obra está marcada pela temática da sexualidade, que alguns vêem como perverso. “Mais do que a literatura é a arte que perverte a cultura” disse, “e a cultura tenta impor um formato”.

A fechar a mesa, Mário Pinheiro confessou também a sua estranheza face ao tema, um bom sinal, referiu, pois “estranhar é começar a compreender as coisas”. Conclui, então que “não há perversidade no simples acto de escrever, poderá é haver subversão”, identificado a perversidade não na literatura em si própria mas na comercialização da mesma: “a perversidade consiste no encher dos bolsos à custa da ingenuidade dos outros”, afirmou.






Mais uma edição de Correntes d'Escritas


" Sou do Tamanho do que escrevo"


Com um Auditório Municipal mais uma vez cheio, Miguel Real, José Eduardo Agualusa, Isabel da Nóbrega, José Manuel Vasconcelos, Eduardo Mendoza e Carme Riera partiram por vários caminhos para perceber se “Sou do tamanho do que escrevo”.


Abrindo o debate à mesa, José Manuel Vasconcelos tentou subverter o tema, afirmando que, para ele, deveria ser “escrevo com o tamanho que tenho e não, sou do tamanho do que escrevo”.

O moderador acrescentou ainda que, para ele, a frase faria mais sentido na terceira pessoa, isto é “o escritor é do tamanho do que escreve”.
Para Miguel Real, o tema não causou qualquer problema, uma vez que, como afirmou, não o analisou na primeira pessoa, tendo feito exactamente o raciocínio proposto por José Manuel Vasconcelos, isto é, considerando que, nomeadamente no caso de grandes nomes da literatura, os escritores são do tamanho da sua obra e da sua escrita.

Como exemplo lembrou Padre António Vieira, Camões e Fernando Pessoa, que, nas suas vidas pessoais conheceram a frustração e não foram casos de sucesso quanto à construção dessa mesma vida, mas que são percepcionados pela dimensão e valor da sua obra.

Para nós serão, portanto, do tamanho do que escreveram.


Isabel da Nóbrega resolveu pegar no tema por outro ponto de vista, considerando que “sou do tamanho do que leio e não do que escrevo”.

Com esta subversão do tema , Isabel da Nóbrega tentou demonstrar a importância da leitura para a construção do escritor, colocando-a, mesmo na origem de tudo. A partir daqui considerou, “se a obra for boa, o escritor é grande, se não o for, então o escritor será um escritor menor”.


Carme Riera pegou também na questão da leitura, afirmando que “somos o que lemos”.

E, quanto ao processo da escrita, lembrou a intervenção de Susana Fortes, na última mesa da tarde, que tinha descrito o processo por que passa o escritor enquanto cria ma obra. Um processo em que o escritor vive com um pé na realidade e outro no mundo que está a criar, vivendo permanentemente com a obra dentro de si.

Para Carme Riera, o escritor é, então, “aquilo que escreve e não do tamanho do que escreve”.

E por fim deixou a questão: “de que tamanho seríamos se não fôssemos escritores?”.

Para José Eduardo Agualusa “qualquer livro, sendo bom, é maior do que o seu autor”, o que significa que, para o escritor, a obra assume, desde logo, o papel principal na equação. Para ele, o escritor é quase um personagem da sua própria obra, sendo também todos os outros que vieram antes dele e que o fizeram escritor.


Eduardo Mendoza fechou a mesa de debate recorrendo ao humor das histórias que resolveu partilhar com o público e que arrancaram bastantes gargalhadas e aplausos. E, para o escritor, a questão é muito subjectiva porque “o tamanho e o talento individual são questões muito relativas”.

Para o provar afirmou que “não quero pensar que sou do tamanho do que escrevo, porque teria que me pôr cima da mesa, de pé, para que vocês me vissem.”

O Fotógrafo dos Escritores na Póvoa do Varzim


Daniel Mordzinski,

o fotógrafo dos escritores.



O Auditório Municipal recebeu, esta tarde, uma apresentação fotográfica multimédia onde estão espelhados 30 anos de trabalho, onde estão incluídas muitas das imagens recolhidas durante as três edições do Correntes d'Escritas em que já participou.

A selecção das fotografias, cerca de 150, não é fácil. “É injusta e quase arbitrária, já que é impossível sermos justos quando temos milhares de fotografias”, confidenciou o fotógrafo.

Então, nesta apresentação, Mordzinski incluiu imagens daqueles escritores que são ícones na literatura e imagens “simplesmente gosto”.
O fotógrafo argentino é dotado de uma especial sensibilidade para captar a verdadeira essência da criação literária e comenta: “Não se pode fotografar escritores sem amar a literatura”.
Acerca do Correntes d'Escritas e da sua participação nesta edição, através desta apresentação, Daniel Mordzinski afirma que pretende devolver um pouco de tudo aquilo que o Encontro lhe proporciona.

Para o fotógrafo, o termo Correntes é o mais apropriado, já que a palavra lembra energia, paixão, sentimento e trabalho.

Correntes d'Escritas apresenta novos livros


A Neblina do Passado, de Leonardo Padura,

e Maurício ou as Eleições Sentimentais, de Eduardo Mendoza,

foram apresentados no Correntes d´Escritas.


Leonardo Padura é um escritor cubano, a residir em Cuba, que tem praticamente toda a sua obra traduzida para português e o mesmo se passa com Eduardo Mendoza, escritor espanhol que, desde o final dos anos 70 tem obra publicadas em Portugal.


Se Mendoza vem, pela primeira vez ao Correntes d´Escritas, Padura não é um estreante e, para falar do seu livro, coisa que, segundo ele, é um dos exercícios mais difíceis que existe, começou por afirmar, com piada, que “quando um cubano fala devagar, está a falar português”. E foi neste seu “português” recém-adquirido, que o escritor explicou que A Neblina do Passado é realmente o regresso de Mário Conde, personagem recorrente nos seus romances policiais. Só que este já não é um romance policial. Mário Conde deixou de ser polícia e decidiu abrir um pequeno negócio de compra e venda de livros antigos, o que o vai levar de encontro à literatura cubana do século XIX e, mais concretamente, à descoberta de um livro onde um personagem feminino vai tomar conta do seu imaginário. É esta mulher, cuja história ele tenta seguir, que o vai levar numa viagem pela Havana dos anos 50 e pela Havana contemporânea. As noites da capital cubana, os boleros, a dança, o fascínio de uma época do passado, tudo isso povoa este livro de Leonardo Padura, que, para o romance trouxe ainda o sentimento de derrota e desencanto da sua geração e daqueles que, ainda assim, e tal como ele, decidiram permanecer em Cuba e aí continuar a escrever.
Para falar do seu livro, Eduardo Mendoza decidiu começar pelo título: Maurício ou as Eleições Sentimentais. Um título, segundo ele estranho e que nem ele próprio sabe se entende muito bem. Se a acção se desenrola em Espanha, a Espanha dos anos 80, onde já se consolidou a democracia, a história pode bem situar-se em qualquer outro país, uma vez que o romance lida com, como referiu Mendoza, “a aprendizagem da normalidade”. Essa aprendizagem da passagem à idade adulta, quando morrem os sonhos da adolescência.

Segundo o autor, Maurício ou as Eleições Sentimentais é a história de personagens jovens e das suas escolhas de vida, quando supostamente se tomam decisões, mas, na realidade essas decisões até nem nos pertencem a cem por cento, sendo antes um produto de toda a envolvente social e até familiar. O livro trata, pois, tendo como pano de fundo a Espanha dos anos 80, das transições pessoais e colectivas e a pergunta final é: o que aconteceu às esperanças, aos projectos de vida, aos projectos de mudança da vida de cada um e até do país em que se insere? O que acontece aos sonhos que têm que morrer nessa “aprendizagem da normalidade” que implica a passagem para a vida adulta?

" Histórias de Luanda" nascem na Póvoa do Varzim


Oxalá cresçam pitangas



De um verso do poeta angolano António Gonçalves saem estas “Histórias de Luanda”, com o travo agridoce das pitangas.

As pequenas e garridas pitangas, vermelhas cor de sangue, cor de vida.

Fruto tão popular nas ruas e nos quintais de Luanda e que, no filme de Ondjaki e Kiluaje Liberdade são a imagem de uma nova capital e de um novo país que se constrói e reinventa; das novas gerações; de uma nova esperança.
É a realidade da sociedade angolana, representada nas histórias dos habitantes da capital, que constitui o cerne deste documentário - é que Luanda é tão forte que parece um país, afirma Ondjaki.
Dois jovens angolanos da mesma geração, Ondjaki, escritor, e Kiluanje, realizador, com Inês Gonçalves, responsável pela imagem, passaram dois meses em Luanda, em 2005, a realizar entrevistas.

Recolheram 38 horas de imagem e reduziram-nas a uma hora de documentário, a que deram o título “Oxalá cresçam Pitangas” ( Histórias de Luanda), composto pelos depoimentos de dez habitantes de Luanda. E é através destas pessoas que, segundo Ondjaki, a cidade se revela.
Luanda nunca tinha sido filmada assim, através do testemunho dos que nela vivem, dos seus sonhos, das suas realidades, expondo as suas fragilidades e os seus encantos. Os conflitos entre a população e a esfera política, a proliferação do sector informal, as desilusões e as aspirações, o questionamento do espaço urbano e do futuro de uma Angola em acelerado crescimento. Estas dez personagens falam também das suas vidas, do seu modo de agir sobre a realidade, da música que não pode parar.

Aparece uma Luanda onde muitos sobrevivem com grande imaginação, onde se misturam várias gerações, onde se recriam linguagens, uma cidade onde a tristeza e a felicidade convivem com a euforia, onde o ritmo nunca abranda e onde a esperança no futuro e na felicidade é o substrato da própria vida.

“Oxalá cresçam Pitangas” é, pois, esse acentuar da esperança no futuro. O olhar de uma nova geração sobre uma cidade e um país que se confundem na sua realidade cultural.



Exposição na Póvoa do Varzim


Ontem, hoje e amanhã



"Mosaico de um país de muitas terras e de um povo de muitas nações, esta galeria de fotografias vem despida de preconceitos, de exegeses - até de guião.

E como se os olhos do fotógrafo tivessem andado, como aves predadoras, sobre a espuma das genes e das coisas e, de repente, lhes mergulhassem nas essências em voos picados e fulminantes para lhes arrebatar as almas."
Carlos Pinto Coelho descreve, desta forma, no prefácio do álbum da exposição, a exposição fotográfica de Luis de Almeida.
O fotógrafo apresentou, ontem a tarde, a exposição "Moçambique de hoje", na Biblioteca Municipal.

Nascido no Porto, onde ainda hoje mora e é docente, Luis de Almeida tem, nos últimos quatro anos, desenvolvido projectos fotográficos recolhendo imagens um pouco por todo o mundo. A sua paixão por Moçambique surgiu nos anos 70 e levou a que o fotógrafo viajasse por todo o país em busca de imagens que retratam o país africano.
Moçambique de Hoje é um retrato enamorado desse país. O álbum que reúne 154 imagens, com prefácio de Carlos Pinto Coelho, é dedicado a todos aqueles que estão ligados a Moçambique. A exposição, que estará na Biblioteca Municipal até 15 de Março, é a selecção de doze dessas imagens.
Na inauguração de ontem, Luís Diamantino referiu que estas imagens não em tempo, "são de ontem, hoje e amanhã". O vereador do Pelouro da Cultura afirmou que a exposição traz-nos Africa em todo o seu esplendor.
Mia Couto interveio na inauguração para parabenizar Luís de Almeida pelo trabalho concretizado.

O escritor moçambicano chamou a atenção para uma imagem em particular. Uma mulher, carregando um peso talvez superior ao dela própria, com as unhas dos pés pintadas de cor-de-rosa. Mia Couto explicou que este era o retrato não só da pobreza, mas da beleza e da vaidade das mulheres moçambicanas.






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